bIFUSP

ANO XVIII - No.35 - 06/10/2000


ÍNDICE

Devido ao feriado do dia 12 de outubro, solicitamos que as matérias para o próximo BIFUSP sejam enviadas até o dia 10 de outubro, 3a feira, às 14 horas.


DIRETORIA

AS SETE PRAGAS DA UNIVERSIDADE REVISITADAS

Se há uma verdadeira ameaça de extinção ou de massificação, ela vem do interior da universidade pública, não de fora.

O mundo acadêmico nacional está perplexo com o que considera ameaças à universidade pública e à pesquisa em geral no Brasil. Alguns já até anunciam a morte prematura da instituição. Outros propõem extravagantes reformas, supostamente para contrapor críticas ao atual modelo.

Em 1977, foi publicado nesta Folha artigo de minha autoria denominado "As sete pragas da universidade brasileira". Eram analisadas as principais doenças da instituição. A primeira delas era a prática do regime de tempo parcial, que tinha como conseqüências o "professor caixeiro-viajante", desnutrido física e intelectualmente, ganha seu pão itinerantemente, sem tempo de se atualizar e se dedicar à pesquisa - e o "professor diletante" - advogados, médicos e engenheiros que, movidos quase sempre por vaidade, nas horas vagas se transvestem de professores universitários. Não há hoje quem não reconheça que, em uma única geração acadêmica, a evolução tenha sido expressiva. Embora ainda existam redutos de transgressão do tempo integral e contingentes remanescentes de docentes em tempo parcial, essa prática já é condenada universalmente e considerada uma distorção. Podemos afirmar que a cultura universitária, sob esse aspecto, já evoluiu a ponto de tornar inexorável a prevalência do tempo integral (dedicação exclusiva).

A segunda praga foi, há vinte e poucos anos, a vitaliciedade prematura e o conseqüente imobilismo dos pesquisadores. As melhores universidades do mundo industrializado só agregam definitivamente seus professores após anos - mesmo décadas - de avaliação intelectual do professor. Sob esse aspecto houve algum progresso, mas não o suficiente. A USP, por exemplo, impede a contratação de professores sem doutoramento. A Unicamp também, nas unidades menos atrasadas. Nas demais usa uma série de artifícios para exigir o doutoramento dos docentes.

A terceira desgraça, o isolacionismo, tinha origem na mediocridade de seu corpo docente - conseqüência do imobilismo de seus pesquisadores devido à baixa incidência do tempo integral, à vitaliciedade e à escassez de cursos de pós-graduação etc. Hoje, graças ao apoio ao programa de pós-doutoramento no exterior a ao de professores visitantes no Brasil, essa doença está em extinção.

O quarto infortúnio era a burocracia. Esperávamos que, com a conquista da autonomia das universidade públicas paulistas, há cerca de dez anos, o rito burocrático, viria a ser eliminado ou amenizado. Somos obrigados a reconhecer que, sob esse aspecto, não houve melhora perceptível nas universidades.

A quinta desdita era uma tendência à crescente compartimentalização, que a reduz a uma sequência de células sem interação intelectual. Sob esse aspecto não houve, também, progresso apreciável, a despeito do crescente prestígio de atividades interdisciplinárias.

A sexta desventura era o gigantismo. Àquela época já havia, no âmbito acadêmico internacional, a convicção que as universidades perdiam eficiência e qualidade quando passavam de uma certa dimensão. É claro que esse limiar deveria variar com as respectivas culturas nacionais e outras condições locais, mas não restava dúvidas que muitas universidades públicas brasileiras já haviam ultrapassado as dimensões ideais. Sob esse aspecto não houve progressos.

Pior, observou-se um grave retrocesso e, hoje, rondam ameaças de mediocrizante massificação. O próprio governo federal intensifica a massificação ao oferecer adicionais salariais por aula dada. Professor universitário que não faz pesquisa se mediocriza, passa a ser um mascate para um aluno que passa a avaliar o conhecimento apenas como mercadoria. Forçadas por contingências semelhantes, as universidades estaduais paulistas, onde 50% da ciência nacional é gerada, permitem a proliferação de cursos de valor cultural duvidoso. Embora o momento seja de confusão, é pouco provável que essa onda populista se mantenha por tempo suficiente para comprometer o que já foi alcançado.

A sétima e mais insidiosa praga foi considerada, àquela época, a ausência de autonomia. Naquele tempo não percebíamos o quão impregnada de corporativismo interno estava essa questão. Para melhor entender o problema, concentremo-nos aqui num exemplar acontecimento que é a escolha do reitor. Há duas décadas, ainda imersa em regime autoritário, a sociedade ansiava por democracia. A universidade combatera ardorosamente a ditadura. Não é de surpreender que procurasse estender princípios tão inequívocos de democracia para seu próprio ambiente. Até então, reconhecendo a legitimidade da escolha do reitor pelo Estado, como representante da sociedade que mantinha a universidade e a quem ela servia, aceitava-se a escolha do reitor pelo Executivo, orientado por uma lista tríplice elaborada pelo Conselho Universitário, órgão supremo da instituição. Nos EUA, uma comissão de busca, ou de seleção, é indicada para encontrar e avaliar potenciais candidatos. Essa comissão é constituída - pelo menos majoritariamente - por notáveis que não pertencem aos quadros da universidade. Com frequência a escolha de candidatos é restrita a intelectuais externos à universidade em questão. Espera-se, assim, amenizar o corporativismo interno. Em outros países industrializados, as escolhas são feitas pelo Estado. O Brasil é o único país do mundo em que os dirigentes universitários são escolhidos por sufrágio universal. A Unicamp e a Federal de São Carlos permitem a candidatura de professores de outras universidades, todavia a realidade é outra. Reitores são, na prática, eleitos pela comunidade interna, pois governadores e ministros, por missão, demagogia ou desconhecimento do princípio democrático, se limitam a confirmar o primeiro da lista tríplice. O resultado é que o jogo de interesses interno acaba determinando o resultado das eleições. Feudos se instalam, facções que representam interesses pessoais passam a controlar a universidade. O corporativismo é sempre gerado pela insegurança - quanto maior o nível acadêmico, maior a insegurança do medíocre. O processo eleitoral começa dois anos antes, por vezes. Os que têm atividades de pesquisa, os que trabalham, acabam não se envolvendo. E o politiqueiro profissional corporativista acaba dominando a escolha do reitor.

Infelizmente nesse aspecto a universidade nada evoluiu. E esse mal interno poderá vir a comprometer seu futuro. Se há uma verdadeira ameaça de extinção ou massificação, ela vem do interior da universidade. Ainda é necessário derrotar o corporativismo interno e a massificação mediocrizante.

Artigo de Rogério C. C. Leite, publicado na Folha de São Paulo em 2/10/2000.


BIBLIOTECA

Encadernação

Iniciamos o processo de encadernação do acervo de livros e periódicos com verba recebida da RUSP. Informamos que diversas coleções estarão sendo retiradas da biblioteca simultaneamente. Os intercâmbios que mantemos com diversas instituições nos darão cobertura durante este trabalho. As solicitações de artigos podem ser feitas através de formulário na web http://www-sbi.if.usp.br/formartigo.html. A previsão média é de 30 dias por cada lote de 100 volumes. Contamos com a compreensão de todos os usuários e colocamo-nos à disposição através do e-mail bib@if.usp.br e do telefone 3818 6923, Setor de Atendimento ao Usuário.

Aquisição de Livros - Verba RUSP/2000

A biblioteca foi contemplada com verba de cerca de 14 mil reais para a aquisição de material não periódico, como livros, cds, fitas de vídeo, etc. Por favor, envie sua sugestão de compra até 25/10 para podermos dar encaminhamento do processo. Além das formas tradicionais de encaminhamento de sugestões de compra, um formulário eletrônico está disponível no site da biblioteca, http://www-sbi.if.usp.br/formaqui.html. A verba deve ser primordialmente destinada à aquisição de material para a graduação, embora não existam restrições quanto à aplicação de parte do valor em ítens para outras áreas de atuação. Mais informações podem ser obtidas com Celia pelo telefone 3818.6923 ou por e-mailbib@if.usp.br.


CCIFUSP

Usuários do Windows

Colocamos no diretório de FTP do Instituto o antivirus Inoculate 5.1 e sua atualização. Ambos são Freeware. Para fazer a instalação (IPESetup) e a atualização (IPEUp466), basta entrar na página ftp://ftp.if.usp.br/pub/pc1/virus/ e pegar os arquivos IPESetup.exe e IPEUp466.exe. Esse programa localiza e retira os vírus encontrados.


COMISSÃO DE PESQUISA

Desde o dia 2 de outubro, a Comissão de Pesquisa mudou para a Sala 211-A do Ed. Principal, Ala II, ramal 7114.


COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO

Mestrado e Doutorado - Cnpq

De 01/09 a 15/10 estarão disponíveis no endereço web www.cnpq.br/mestrado e doutorado no país/orientador de doutorado as inscrições para renovações de bolsas de doutorado e habilitação (novas bolsas) dos professores para poderem orientar estudantes de doutorado com bolsa do CNPq.

Lembramos que as bolsas de doutorado do CNPq só podem ser concedidas se o professor for habilitado conforme o procedimento indicado no site do CNPq.


SEMINÁRIO DE ENSINO

Aprendizagem e Avaliação em Atividades Experimentais: Resultados de Reflexão e Experimentação Didática no IFUSP

Profa. Lighia B. Horodynski-Matsushigue ^Ö IFUSP

3a feira, 10 de Outubro de 2000, às 16 horas - Auditório Adma Jafet

O laboratório didático costuma ser tomado como elemento imprescindível no ensino de ciências experimentais, em especial da Física. A sua eficácia como instrumento didático é, entretanto, contestada com certa freqüência. Neste seminário serão relatadas reflexões, embasadas na própria experimentação didática, mas também calcadas em resultados da literatura, que contestam algumas práticas amplamente adotadas no ensino experimental. Em particular, à característica "enciclopédica", ainda presente em alguns laboratórios, foi contraposto um (re)planejamento ativo; à avaliação "burocrática" procurou-se opor um conjunto de métodos de avaliação que possam ser considerados significativos pelos alunos. As equipes envolvidas, na última década, com as disciplinas de Física Experimental I e II do IFUSP têm desenvolvido e aplicado estruturas didáticas que contemplam estas preocupações e visam uma crescente autonomia do estudante. Enfoca-se a (re)alfabetização científica dos estudantes, fornecendo-lhes acesso ao ferramental básico para a adequada tomada, análise e interpretação de dados, ao mesmo tempo que lhes mostra, na prática, que a Ciência não é algo pronto, mas, ao contrário, está em constante construção.

Na execução da presente proposta didática não há necessidade de equipamentos sofisticados. Por outro lado, é condição essencial a disposição de uma equipe de professores preocupados com o ensino e dispostos a dividirem entre si, em reuniões semanais, resultados e reflexões de suas atividades didáticas. Os membros mais jovens destas equipes muito têm contribuído para a permanente renovação do fazer didático, agregando-lhe dimensões mais participativas e criativas.


CONGRESSO NO IFT

XXIII Congresso Paulo Leal Ferreira de Física Teórica

Estão abertas, até 11 de outubro, as inscrições para apresentação de comunicações orais no XXIII Congresso Paulo Leal Ferreira de Física Teórica que se realizará nos dias 19 e 20/10/2000 no Instituto de Física Teórica - UNESP. Os interessados devem enviar as fichas de inscrição disponíveis em http://www.ift.unesp.br/ para o endereço congresso@ift.unesp.br aos cuidados de Hebe. O Congresso Paulo Leal Ferreira possui uma tradição de mais de vinte anos, contando com palestrantes das mais diversas áreas de pesquisa da física teórica, abordando este ano temas que vão desde a política científica nacional e história da ciência até a teoria de campos e sistemas multi-eletrônicos. As atividades do congresso abrangem palestras ministradas por conferencistas convidados, exposições orais de 20 min. de alunos de pós graduação, uma mesa redonda, encerrando com a tradicional apresentação da Orquestra de Câmara da UNESP. Apesar do caráter eminentemente teórico do congresso, também serão aceitos trabalhos em fenomenologia e a participação de ouvintes, sendo que para estes as inscrições poderão ser feitas até a data de abertura do evento. Mais detalhes podem ser obtidos na homepage: http://www.ift.unesp.br/


ATIVIDADES DA SEMANA


3a. FEIRA, 10.10.2000

SEMINÁRIO DO LABORATÓRIO DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA
"Caracterização de caulins e 'ball clays' de Santa Catarina"
Simone Perche de Toledo, IFUSP
Ed. Principal, Ala I, sala 201, às 14 horas.

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Angela Dayana Barra Barrera
"Obtenção e Caracterização de Materiais Magnéticos Nanocristalinos a Base de PrFeB com Substituição Parcial de Fe por Cr"
Comissão Examinadora: Profs. Drs. Valquíria Villas Boas Gomes Missell (Orientadora), Hercílio Rodolfo Rechenberg e Augusto Camara Neiva (EPUSP)
Ed. Principal, Ala II, Sala 209, às 14 horas.

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Carla da Costa Guimarães
"Implementação de Grandezas Operacionais na Monitoração Individual e de Área"
Comissão Examinadora: Profs. Drs. Emico Okuno (Orientadora), Sílvio Bruni Herdade e Roberto Meigikos dos Anjos (UFF)
Ed. Oscar Sala, Sala 156, às 14 horas.

SEMINÁRIO DE ENSINO
"Aprendizagem e Avaliação em Atividades Experimentais: Resultados de Reflexão e Experimentação Didática no IFUSP"
Profa. Lighia B. Horodynski-Matsushigue, IFUSP
Auditório Adma Jafet, às 16 horas.


4a. FEIRA, 11.10.2000

SEMINÁRIO DO GRUPO DE MECÂNICA ESTATÍSTICA
"Modelos de elétrons fortemente interagentes para manganitas"
Dr. André L. Malvezzi, UNESP, Bauru
Ed. Principal, Ala I, Sala 312, às 14 horas.

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Marcelo Oliveira da Costa Pires
"Uma Análise Variacional das Excitações Coletivas de um Condensado de Bose-Einstein Confinado"
Comissão Examinadora: Profs. Drs. Emerson José Veloso de Passos (Orientador), Adilson José da Silva e Vanderlei Salvador Bagnato (IFSC/USP)
Ed. Principal, Ala II, Sala 209, às 14 horas.

SEMINÁRIO DO GRUPO DE BIOFÍSICA E FÍSICA MÉDICA
"Chernobyl: a lição aprendida a duras penas ..."
Suely Midori Aoki, IFUSP
Ed. Principal, Ala I, Sala 312, às 16 horas.

SEMINÁRIO DO DEPARTAMENTO DE FÍSICA NUCLEAR
"Espectroscopia de Mistura de Níveis (LEMS) usando o campo hiperfino do Gadolinio"
Profa. Dra. Alinka Lépine, IFUSP
Edifício Oscar Sala, sala 156, às 16 horas.


B I F U S P - Uma publicação semanal editada pelo IFUSP

Responsável: Prof. Silvio R. A. Salinas - Coordenador: Prof. Hercílio Rodolfo Rechenberg

Diagramação: Márcia Silvani

São divulgadas no BIFUSP as notícias encaminhadas até 4a feira, às 12h, impreterivelmente

Tel: 3818-6900/6907 - Fax: 3818-6701 - e-mail: bifusp@if.usp.br - Home page: www.if.usp.br