bIFUSP

ANO XVIII - No.16 - 03/06/2002


ÍNDICE


EDITORIAL

Estimular o debate a respeito de questões relevantes para o IFUSP tem sido um dos objetivos desta Editoria. As contribuições que temos recebido espontaneamente e outras que serão encaminhadas por nossa solicitação atestam o fato que o nosso Instituto tem muito a dizer. Uma das dificuldades do Editor, embora seja uma de suas funções, é identificar temas de interesse suficientemente amplos para que motivem nossos leitores a escreverem. Nesse sentido, solicito a colaboração de todos, sugerindo temas que gostariam de ver tratados no BIFUSP.

Uma notícia importante para a comunidade nos é dada, neste número do Boletim Informativo, pelo Vice-Diretor do IFUSP, Prof. Adalberto Fazzio, que coordenará uma Comissão criada pela Diretoria tendo em vista elaborar um diagnóstico do Instituto em suas várias atividades.

Dando continuidade à apresentação de idéias a respeito do Ensino no IFUSP, estamos publicando o texto do Prof. Alberto Villani, que apresenta uma proposta considerando a formação profissional a partir de três dimensões: conhecimento, competência e sentido de experiência. Numa outra contribuição, o Mestrando Alessandro de Souza Villar aborda a questão do Provão. Dando continuidade à publicação de informações a respeito dos Grupos de Pesquisa do IFUSP, nesta semana conheceremos detalhes a respeito do Grupo de Caos Quântico.

Prof. Nelson Fiedler-Ferrara


PLANO DE METAS

A Diretoria do Instituto de Física sentindo a necessidade de traçar um Plano de Metas constituiu uma Comissão, que deverá elaborar um diagnóstico completo e bastante aprofundado da atual situação do IFUSP em seus vários campos de atividades. Esse diagnóstico deverá ser objeto para uma discussão junto à nossa comunidade, com a ampla articulação das forças intelectuais do IFUSP, a fim de alcançarmos de forma cada vez mais completa os objetivos propostos no ensino, na pesquisa e na extensão de serviços à comunidade. A Comissão será constituída pelos presidentes da CG (Prof. Luiz Carlos Gomes), da CPG (Prof. Armando Corbani Ferraz) e da CPq (Prof. Mahir Hussein), pelo representante do IF no Conselho de Cultura e Extensão (Prof. Ernst Hamburger) e pelo Vice-Diretor do IFUSP, o qual atuará como coordenador dos trabalhos.

No próximo dia 13 de junho, no horário do colóquio, haverá uma mesa redonda composta pelos membros acima citados, os quais deverão apresentar alguns indicadores quantitativos e/ou qualitativos para um debate que deverá propiciar subsídios para o documento final da Comissão. Com o objetivo de viabilizar o projeto e para dar início às discussões sobre o Plano de Metas, a comissão deverá apresentar ao Diretor, até o dia 06 de outubro de 2002, o relatório final contendo: a) uma lista de objetivos específicos pertinentes à área de ensino, pesquisa e extensão; b) para cada um dos objetivos, os indicadores apropriados à sua "mensuração" ou qualificação.

A Diretoria fará a consolidação do projeto apresentando-o aos órgãos dirigentes do Instituto e à comunidade, visando obter sugestões.

Prof. Adalberto Fazzio


Qual o problema do Bacharelado? Que soluções são propostas?

Prof. Alberto Villani

A leitura da proposta do Prof. João Carlos A. Barata ‘Sobre Reformas no Ensino de Graduação do IFUSP’, no BIFUSP no 14 deste ano, nos causou grande perplexidade.

A tese implícita sustentada pelo autor parece sugerir que a culpa da má qualidade da formação de Bacharéis e Licenciandos no IFUSP é da CG, que está nas mãos de burocratas incapazes de cuidar do ensino. Se a CG fosse diferente, ou seja um órgão de alta representatividade e respeitabilidade acadêmica, certamente o resultado seria ‘infinitamente superior ao processo caótico e mal orientado ora em curso’.

Nossa perplexidade pode ser assim explicitada.

A CG não é um órgão deliberativo isolado: seus membros são representantes dos Departamentos e suas decisões devem ser referendadas pelos Conselhos e pela Congregação, ou outros órgãos Colegiados.

Pelo que nos consta, a maior tarefa da CG não é burocrática: é ajustar a carga didática aos desejos de professores e alunos. É contornar as dificuldades, que surgem a partir das exigências dos professores sobrecarregados com outros compromissos, e as várias reclamações dos alunos, insatisfeitos com o desempenho de seus docentes ou com o contexto didático.

Além disso, não é a CG que planeja as atividades didáticas, escolhe os conteúdos a serem privilegiados, fixa o nível de demanda à qual os alunos devem satisfazer, ministra as aulas efetivas, motiva os alunos, acompanha suas dificuldades e se relaciona pessoalmente com eles. Enfim não é a CG que, de fato, promove a formação dos graduandos.

Também não é o conjunto dos professores 'inativos ou quase na pesquisa' o principal responsável pela educação dos alunos. O peso deles é 20%, segundo a estatística do autor. De fato, a responsabilidade é de todos os professores do Instituto, 80% dos quais são pesquisadores ativos.

O autor da longa reflexão publicada no Boletim não é um estudante que acabou de chegar ao Instituto e se deixou influenciar pelas primeiras impressões. Então, o que ele queria nos comunicar? Nossa opinião é que ele queria encontrar um bode expiatório para o mal-estar que todos nós experimentamos e lançar um apelo para que alguém modifique o círculo vicioso no qual estamos envolvidos.

Vale a pena aprofundar mais as raízes desse mal estar? Os alunos nos oferecem uma dica importante: eles se sentem abandonados. Eles não nos consideram como mestres, capazes de conduzí-los em seu processo de entrada na profissão. Também eles querem que as ementas sejam modificadas, que novas disciplinas sejam introduzidas, que maiores oportunidades sejam oferecidas. A insatisfação dos alunos é grande e resulta numa evasão significativa ou no desânimo e na perda de interesse.

A pergunta que todos nos fazemos é: - Por que os alunos se sentem abandonados, apesar de terem encontros diários com professores que estão entre os maiores especialistas em Física do país? Por que essa possibilidade não é suficiente para motivar os alunos a explorar a situação com todas as energias?

Nossa idéia é que a formação profissional tem várias dimensões. Uma delas, fundamental, é a do conhecimento trabalhado nas aulas, nas provas e nas conversas informais. Acredito que no IFUSP essa dimensão seja bem atendida, pelo menos se comparada com o que acontece em outras instituições. Se isso for verdade, então a demanda dos alunos por uma modificação do currículo deve ser interpretada principalmente como a demanda de um sinal de atenção por parte do Instituto e como o início de uma nova relação entre professores e alunos, ou seja, o ponto de partida de uma nova caminhada juntos.

Uma segunda dimensão, também fundamental, é a das competências profissionais desenvolvidas. Uma competência consiste na capacidade de mobilizar os conhecimentos necessários para poder tomar decisões frente aos problemas a serem resolvidos no campo profissional. Em geral, as competências profissionais implicam em assumir responsabilidades, escutar e avaliar as opiniões dos colegas, trabalhar em equipes de maneira adequada, cuidar da atualização dos conhecimentos, ter iniciativas novas, sustentar as lutas, etc. Os professores do Instituto fazem isso todo o dia em relação a seus projetos de pesquisa: por isso tornam-se exemplos valiosos para os alunos que querem continuar na pesquisa acadêmica. Sem dúvida podemos considerar que esta minoria de alunos, que mantém um contato com os professores fora da sala de aula via monitoria, iniciação científica, colaboração voluntária, participação nas pesquisas, está bem atendida quanto à formação das correspondentes competências. O ponto importante é que, de alguma maneira, estes alunos conseguem ser colocados frente a desafios profissionais numa situação supervisionada, ou seja, com alguém experiente por perto. O problema do Instituto não é atender adequadamente a esta minoria, pois isso já acontece. A dificuldade é atender à maioria de bacharéis que pretendem ou serão obrigados a trilhar outros caminhos. O Instituto oferece uma formação profissional adequada para esta turma? A formação proposta cuida das competências de quem irá trabalhar na indústria ou em outras situações envolvendo pesquisa, administração de recursos e colaboração com outras instâncias? O que o Instituto tem feito nesse campo?

Uma terceira dimensão básica é representada pelo sentido da experiência vivenciada pelos aprendizes e seus professores. Trata-se da perspectiva profissional que os professores implícita ou explicitamente apontam. É o complemento subjetivo da formação profissional. O mestre deve ser capaz de mostrar que existe algo de valioso a ser atingido, independentemente dos meios disponíveis serem os melhores e das circunstâncias serem as mais favoráveis. É esse sentido que conduz a uma contínua renovação da aliança entre professores e alunos e permite superar as dificuldades. Os alunos percebem se os professores estão no mesmo barco e querem efetivamente ajudá-los na realização de sua experiência universitária. Certamente, no Instituto de Física, a perspectiva de trabalhar na pesquisa universitária está bem presente e é suficientemente desenvolvida. E quanto às outras perspectivas? Alguém cuida delas? Alguém sustenta os alunos que querem seguir uma carreira diferente daquela de pesquisador acadêmico? Algum grupo está profundamente envolvido em pesquisar e desenvolver outras possibilidades? Se compararmos a reforma curricular da Licenciatura e do Bacharelado profissionalizante, podemos facilmente entender esta dimensão. Ambos estão longe de terem desenvolvido as competências necessárias para o exercício profissional, porém a Licenciatura contou com um grupo que cuidou dela. Os alunos encontraram apoio, perceberam que tentava-se fazer o melhor possível, apesar da perspectiva de tornar-se professor de ensino médio ser pouco atrativa do ponto de vista econômico e social, apesar da desconfiança e descrédito de uma parte do Instituto e apesar das limitações da própria formação profissional. Por isso o número de licenciandos que desde então abandonaram a carreira é menor do que o dos bacharéis: suas expectativas, de fato, são mais positivas.

Em resumo, podemos dizer que o Instituto é bastante competente em formar a minoria que pretende seguir a carreira acadêmica, é capaz de formar professores parcialmente preparados para enfrentar as dificuldades da profissão e é incompetente quanto à formação da maioria de seus bacharéis para os quais a perspectiva de tornar-se docente universitário, por alguma razão, não é viável.

Frente a esta situação, temos três alternativas:

a) Eliminar de vez aquilo que não conseguimos fazer com competência e dedicarmo-nos exclusivamente a nossas pesquisas, cuidando dos alunos que nos podem seguir.

b) Deixar o barco correr, suportando nosso mal-estar e nos consolando de que fazemos o possível nas atuais circunstâncias.

c) Procurar cuidar efetivamente de todos os alunos, tornando o Instituto competente na formação de diferentes tipos de profissionais.

Parece-nos que nosso autor optou por uma mudança conservadora que provavelmente levará a um fechamento do Instituto em relação às necessidades e desejos dos alunos e da sociedade.

Pelo contrário, se nossa escolha for uma mudança na direção de favorecer uma multiplicidade de opções profissionais, parece necessário estimular a formação de um grupo de professores e alunos que se envolvam efetivamente no trabalho de articular os conhecimentos e as competências básicas a serem desenvolvidas e delinear as correspondentes experiências e estágios. Além disso, estes grupos deverão assessorar o Instituto na realização destes projetos e sustentar os alunos e professores envolvidos na perspectiva de uma experiência nova e promissora. Manter-se firmes numa mudança curricular bastante significativa é difícil, após o esfriamento do entusiasmo inicial. Para tanto nos parece necessário que tais grupos desenvolvam sua atividade de pesquisa em estreita relação com essas novas modalidades profissionais. O que queremos dizer é que nos parece muito difícil introduzir modificações em nosso ensino sem uma correspondente mudança na administração de nossas prioridades.


Boicote ao Boicote

Alessandro de Sousa Villar

"Quero indagar se pode existir, na ordem civil, alguma regra de administração legítima e segura, tomando os homens como são e as leis como podem ser. Esforçar-me-ei sempre, nessa procura, para unir o que o direito permite ao que o interesse prescreve, a fim de que não fiquem separadas a justiça e a utilidade."

– Rousseau, "O Contrato Social"

É difícil encontrar alguém bem informado que não tenha conhecimento da calamidade em que se encontra o ensino no país, em todos os níveis. Em especial, o ensino superior tornou-se nos últimos anos um comércio de diplomas: "universidades" de formação em massa, cobradoras de mensalidades abusivas, credenciam pessoas muitas vezes incompetentes para exercer importantes funções. O custo disto é pago, em primeiro lugar, por estes formandos, que investem quatro anos de suas vidas e algumas dezenas de milhares de reais para se tornarem, provavelmente, futuros jovens desempregados, e, mais gravemente, por todos que necessitam de seus serviços, por serem estes vítimas da terrível falta de preparo. Dentre outras medidas, uma forma de evitar isto é uma avaliação institucional. Este avaliação principia a existir, e chama-se "Provão".

Com isto fica claro que o Provão é algo útil por tentar coibir os abusos supracitados, sua função é de extrema importância para todos. Porém, o assim chamado "Movimento Estudantil" quer boicotá-lo. Vejamos alguns de seus principais argumentos, em ordem arbitrária de importância:

1. O provão é um mero ranqueador de faculdades, não as avalia de modo absoluto se boas ou ruins

2. O MEC deveria, antes de avaliar, evitar que qualquer porcaria de faculdade abra suas portas; o que o MEC faz hoje é isentar-se de sua responsabilidade e empurrá-la para uma pretensa "mobilização da sociedade", que seria responsável por escolher as melhores faculdades

3. O provão não aponta as deficiências da instituição, mas apenas a rotula com uma letra

4. O MEC, em vez de ajudar as faculdades com deficiências, corta suas verbas, inviabilizando uma possível recuperação, seria como "o médico que, ao diagnosticar uma doença no paciente, lhe prometesse ministrar a medicação somente se o paciente melhorasse"

5. Só avalia o produto final, o aluno, relegando a segundo plano outras partes da avaliação institucional, como a estrutura, a biblioteca, recursos computacionais etc.

6. A avaliação é ruim: como se espera avaliar em meras quatro horas, numa prova principalmente de múltipla escolha, um aluno que estudou uma área do conhecimento durante quatro anos?

Vamos aos contra-argumentos. Primeiro, sejamos pragmáticos: existem, de fato, faculdades nota "A", assim como existem muitas com nota "Z", ou melhor, "E". Portanto, pragmaticamente, a régua utilizada é uma boa medida, posto que existem representantes de todas as classes. Ineficiente seria se houvesse somente faculdades boas, ou somente ruins – mas, oras, esta não é a situação! Assim, o método de ranqueamento do Provão é adequado na atual conjuntura. De nada adianta ficar inventando teorias e argumentos lógicos que não condizem com a realidade.

Entretanto, este método certamente não é perfeito. Penso que deveria ser dada como nota a média absoluta do número de acertos dos alunos da instituição e, definindo "10" a maior pontuação obtida, dar notas proporcionais às outras instituições.

Quanto ao segundo argumento, é verdadeiro, o MEC age descaradamente. Mas, percebam, isto não invalida de modo algum o Provão: é, na verdade, uma medida complementar e de extrema importância que não está sendo tomada.

O terceiro argumento nem faz muito sentido, afinal o MEC não se chama "Ministério das Babás da Educação" (caso em que sua sigla seria MBE), ele só deve mesmo avaliar se a instituição forma bons profissionais ou não. Claro que ele poderia criar um serviço assitencialista para este fim, mas, a priori, cabe a cada instituição fazer um levantamento de suas falhas e saná-las.

Infelizmente, o quarto ponto é mesmo um motivo de preocupação. O Provão parece estar sendo utilizado como ferramenta política para denegrir a imagem e o financiamento das universidades federais. Porém, isto é uma atitude típica de uso direcionado com fins escusos de regras que visam um bem coletivo. Isto deve ser combatido, e, novamente, não é argumento contra o Provão.

Do mesmo modo, o quinto argumento é verdade, e eu concordo que seja. Quem vai arrancar meu dente não é o livro da instituição, mas o dentista formado por ela. Quero que ele seja avaliado e, em caso de incompetência descarada, seja impedido de destruir minha boca. O aluno é, indubitavelmente, o fator mais importante a ser julgado, visto que uma boa biblioteca e professores de alto nível formarão, espera-se, melhores alunos, de modo que qualquer avaliação institucional já estará incluída na avaliação do formando.

Finalmente, o sexto argumento é o mais descabido. Quem concorda com ele deve ser, automaticamente por motivo de consistência, contra todas as formas de avaliação correntemente em uso. O vestibular, seria, então, injusto, por avaliar em quatro horas uma vida de estudos, assim como os exames de admissão na pós-graduação, os concursos públicos em geral, e, em menor escala, o método de avaliação de nossos cursos, que testa em três provas escritas de duas horas cada os conhecimentos absorvidos em quatro meses de estudo. O que propõem em contrapartida aqueles que o defendem? Que se acompanhe o histórico de vida de cada um desde o nascimento? Que se desista de ser a universidade uma meritocracia? Lembrem-se de que qualquer solução deve necessariamente levar em conta a realidade, ou torna-se utopia.

Eu boicotei o Provão, entreguei em branco. Tudo ocorreu muito rápido e os argumentos que ora refuto, então apresentados a mim em conjunto, seduziram-me parcialmente: fiquei em dúvida e acabei acatando a decisão "coletiva" tomada em "assembléia". No entanto, após tempo para a reflexão, pude chegar a meus próprios raciocínios, que aqui exponho.

Enquanto esperava o tempo mínimo de uma hora e meia para deixar a sala de prova, fui respondendo o Provão só para saber como me sairia. O que posso dizer é que a avaliação é muito bem feita e aborda temas que, de forma geral, um físico tem obrigação de saber. Hoje certamente não boicotaria.

É certo que a USP, assim como a maior parte das universidades públicas, não deve ser avaliada como as outras faculdades, simplesmente porque tem por meta formar não apenas profissionais para o mercado, mas criar mentes pensantes, e apenas isto já a diferencia suficientemente.

O que os opositores do Provão não percebem é o propósito da participação da USP: não estamos lá para sermos avaliados, mas para avaliar. A nós cabe dar a medida da régua, dizer o que significa "A", porque estamos entre os melhores. O Provão não foi criado pensando-se na USP, mas nas faculdades ruins.

Boicotar é a única medida encontrada por um "Movimento Estudantil" agonizante para se fazer ouvir, para ter voz. É um ato de extremo, descabido, conseqüência da participação quase nula dos estudantes. Não havendo como criticar construtivamente, dada sua falta de força, parte para ataques abstratos e argumentos enganosos.

Afinal, boicotar é fácil, é um ato com menos de duas horas de duração na vida de cada pessoa, e traz a falsa idéia de que o Centro Acadêmico está atuanto, de que "os estudantes" têm algum movimento coletivo que não seja o próprio caos – e daí vem seu apelo. Além disso, muitos boicotam por medo de serem avaliados – mais um motivo para seu forte apelo. Participar, pelo contrário, escrevendo cartas para o MEC e para a imprensa, criando o debate, pensando, propondo soluções, fazendo-se ouvir como conseqüência de um forte movimento coletivo, isto é muito mais difícil: requer uma ação continuada, a crença numa ideologia, e nossa geração esqueceu-se destas coisas.

A USP não é obrigada a fazer o Provão, entretanto sua participação é, daquilo que devemos à Sociedade, a menor parte.

O Provão deve ser encarado como uma iniciativa positiva ainda incipiente. Eventuais distorções, falhas e mau uso só poderão ser sanados com a participação coletiva da comunidade acadêmica. Está mais do que claro a urgência de se garantir a boa formação dos profissionais atirados no mercado pela miríade de faculdades particulares, e o Provão é um dos bons métodos de se atingir isto. Nosso papel é contribuir a esta filtragem.

No dia do Provão, não o boicote: faça-o, e dê tudo de si (certamente não será necessário tanto). Desloque a régua de medida, coloque a nota "10" na mais alta pontuação que conseguir.

E, novamente: participar apenas fazendo o Provão também é fácil – mais difícil que boicotar, porém, ainda assim, muito fácil.


COMISSÃO DE PESQUISA

Dando seqüência ao nosso propósito, conforme divulgado no BIFUSP anterior, publicamos nesta semana as informações sobre o grupo de Caos Quântico liderado pelo Prof. Mauricio Porto Pato.

Prof. Mahir S. Hussein

Presidente da Comissão de Pesquisa - IFUSP

GRUPO DE CAOS QUÂNTICO

O Grupo de Caos Quântico teve sua origem em pesquisas iniciadas no fim da década de 80 pelo grupo teórico do Departamento de Física Nuclear (DFN).

O caos se manifesta na mecânica quântica no comportamento das flutuações estatísticas exibidas pelos espectros e pelas autofunções dos sistemas físicos. Os modelos estatísticos usados na descrição dessas flutuações são baseados em ensembles de matrizes aleatórias. Um marco na teoria do caos quântico foi a formulação da conjetura de que existe uma correspondência entre o grau de caoticidade do sistema físico clássico e o ensemble adequado à descrição das flutuações da versão quântica do mesmo sistema. Assim, propriedades estatísticas de sistemas quânticos cujos os análogos clássicos são regulares, seguiriam distribuições geradas pelo chamado ensemble Poissoniano. Por outro lado, sistemas quânticos cujos os análogos clássicos são caóticos teriam estatísticas modeladas por distribuições obtidas dos ensembles gaussianos introduzidos por Wigner na década de 50.

Dentro do espírito dessa conjetura um novo ensemble foi introduzido pelos pesquisadores do DFN, para descrever situações de caoticidae intermediárias entre as situações limites da conjetura. Esse ensemble tem sido aplicado com sucesso a vários problemas.

Recentemente, surgiu a possibilidade de verificação experimental dessa teoria do caos em mecânica quântica utilizando sistemas clássicos descritos por equação de onda. Iniciou-se então no IFUSP uma colaboração entre teóricos e experimentais para a criação de um centro de estudos desse tema. Como resultado dessa colaboração, está em fase final de instalação, um laboratório de ressoadores acústicos no Laboratório de Fenômenos Não-Lineares do Prof. José Carlos Sartorelli.

O grupo de Caos Quântico do IFUSP é formado pelos professores Mauricio Porto Pato (coordenador), Coraci Pereira Malta, Mahir S. Hussein do DFN e José Carlos Sartorelli do Departamento de Física Geral. O grupo conta também com a participação de alguns pós-doutores e estudantes de mestrado e doutorado tanto teóricos quanto experimentais.

O grupo conta com o apoio das agências de fomento estaduais e federais: FAPESP (auxílio de pesquisa e projeto temático), Instituto do Milênio (Instituto de Informação Quântica-CNPq).


COLÓQUIO DO DEPARTAMENTO DE FÍSICA MATEMÁTICA

"Combinando efeitos quânticos e gravitação: a física do inicio do universo"

Prof. Luís Raul Weber Abramo, IFUSP

Ed. Principal, Ala Central, Sala Jayme Tiomno, às 16h

 

As recentes observações da radiação cósmica de fundo estão testando a física do inicio do universo. As escalas extremas de densidade de energia e de curvatura nessa época tornam necessário o uso tanto da teoria quântica quanto da Relatividade Geral. Mostraremos como essa inusitada parceria, apesar de litigiosa em outras circunstâncias, é pacífica na cosmologia e leva a previsões que estão de acordo com as observações. O mecanismo de criação de matéria durante a inflação do universo será discutido, assim como suas consequências e testes observacionais.


COLÓQUIO

"Reaching the Nanotechnology Horizon: Developing tools to generate, characterize

and manipulate nanosystems"

Prof. Daniel Ugarte

Laboratório Nacional de Luz Sincrotron – LNLS, Campinas, SP

6 de junho, quinta-feira, Auditório Abrahão de Moraes, às 16 horas

When a certain volume of matter attains nanometric size, important modifications of the physical and chemical properties appear. The exploitation of these new phenomena is the aim of the so-called Nanotechnology, what represents one of the most promising research lines to generate materials with pre-defined properties, or to design new devices based on quantum physical phenomena. Although the huge interest raised by nanoscopic systems, the controlled production, characterization, understanding and subsequent application is still a great challenge. Nanosystems are in-between the atom and the solid, then, the well established experimental and theoretical procedures from atomic or condensed matter physics are many times out of their scope of validity. Here, we will discuss some efforts devoted to develop specific experimental tools to study mechanical and electrical properties of individual nano-objetcs. In particular, we will present some examples related to carbon nanotubes and atomic-size metal wires research.


MINI-COLÓQUIO

"Os nanomateriais. Que são, como se estudam e por que interessam?"

Prof. Dr. Aldo Craievich, IFUSP

05 de junho, quarta-feira, Auditório Abrahão de Moraes, às 18:30h

A pesquisa em física da matéria condensada focalizou durante quase cem anos principalmente o estudo das propriedades dos materiais macroscópicos a partir de conceitos básicos da mecânica quântica. Por outro lado, a física atômica realizou enormes progressos na compreensão das propriedades dos átomos isolados. Nos últimos anos, os chamados "nanomateriais" ou "nanocompósitos" contendo cristais ou clusters de átomos com dimensões da ordem do nanômetro, que corresponde a uma escala intermediária entre o átomo isolado e o material macroscópico, começaram a receber um interesse crescente por parte dos físicos. Por que ocorre esse interesse? Como são obtidos os nanomateriais? Quais são os processos de formação e controle? Quais são as técnicas de caracterização estrutural? As propriedades dos nanomateriais são similares às dos materiais macroscópicos? Como podem ser "projetados" os nanomateriais para se obter as propriedades desejadas? Os "novos nanomateriais" são sempre realmente novos? O conteúdo da palestra deverá permitir responder a essas perguntas. Alguns exemplos específicos de pesquisas em andamento sobre materiais nanoestruturados (híbridos organo-inorgânicos, vidro-nanocristais semicondutores) e sobre as características da transição nanocristal-líquido serão descritos.


DIRETORIA

Centro de Computação do IFUSP

De forma a poder cobrir os custos envolvidos nos serviços oferecidos pelo Centro de Computação do IFUSP, esta Diretoria divulga os serviços e condições, como seguem: 1. Instalação de pontos de rede - Custo Unitário: R$ 30,00; 2. Impressão de posters e desenhos técnicos - Plotter: HP Designjet 800 ps. 42

Custo Unitário (Posters):

Papel A0 (841 x 1189 mm)

- Papel Comum: R$ 20,00

- Papel Glossy: R$ 24,00

Papel A2 (420 x 594 mm)

- Papel Comum: R$ 10,00

- Papel Glossy: R$ 12,00

Papel A1 (594 x 841 mm)

- Papel Comum: R$ 12,00

- Papel Glossy: R$ 15,00

Papel A3 (297 x 420 mm)

- Papel Comum: R$ 6,00

- Papel Glossy: R$ 8,00

Custo Unitário (Desenho Técnico): R$ 5,00/metro

  1. Uso da impressora a laser

Equipamento: Impressora a Laser HP4SI

A velocidade de impressão é de 18 ppm e o equipamento dispõe de recursos para impressão frente e verso, sendo recomendado para apostilas, livros, manuais, etc. O acesso está disponível pela rede do IF.

Custo por página impressa: R$ 0,05

Procedimentos para solicitação e pagamento:

Os itens 1 e 2 serão atendidos mediante apresentação de formulário (anexo I*) preenchido e devidamente autorizado pelo gestor do recurso. Quanto ao item 3, o controle será feito diretamente pelo CCIFUSP (cópias produzidas x usuários) e o custo, debitado da Administração e Departamentos. Quando se tratar de despesas não departamentais, o usuário deverá preencher o formulário (anexo I*) e identificar o recurso a ser onerado.

Os pagamentos serão efetuados por meio de transposições internas feitas pela Assistência Financeira com base em relatórios enviados pelo CCIFUSP. Quando o usuário estiver utilizando recursos de auxílios FAPESP, será expedido recibo pela Seção de Tesouraria mediante recolhimento do valor correspondente.

O atendimento será no Centro de Computação do IF - horário comercial (ramal 6810).


TESES E DISSERTAÇÕES

TESE DE DOUTORADO

Suelene da Silva

"Microbocais Sônicos de Diamantes"

Comissão Examinadora: Profs. Drs. Maria Cecília Barbosa da Silveira Salvadori (orientadora), Iberê Luiz Caldas (IFUSP), Marcos de Mattos Pimenta (EP - USP), Homero Santiago Maciel (ITA) e Fernando Lázaro Freire Junior (PUC/RIO)

06/06, quinta-feira, Sala 209, entre a Ala II e a Ala Central do Ed. Principal, ás 14h.

TESE DE DOUTORADO

Cristiane Moura Lima de Aragão

"Cálculo de Integrais de Trajetória em Mecânica Estatística e Teoria de Campos Através de Técnicas Variacionais"

Comissão Examinadora: Profs. Drs. Carlos Eugênio Imbassahy Carneiro (orientador), Josif Frenkel (IFUSP), Bruto Max Pimentel Escobar (IFT-UNESP), Antonio José Accioly (IFT-UNESP) e Maria Teresa Clímaco dos Santos Thomaz (UFF)

06/06, quinta feira, Sala 204, Ala I do Ed. Principal, ás 14h.


ATIVIDADES DA SEMANA


2a. FEIRA, 03.06.2002

SEMINÁRIO DO LABORATÓRIO DE NOVOS MATERIAIS SEMICONDUTORES
"Non linear resonances in a quasi three-dimensional electron billiard system"
Nilo Maurício Sotomayor Choque, IFUSP
Edifício Alessandro Volta, Bloco C, Sala de Seminários, às 14h

SEMINÁRIO DO LABORATÓRIO DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA
"Desenvolvimento de compósitos de borracha natural e borracha de pneu triturado reforçados com fibras de
sisal"
Dra. Maria Alice Martins - EMBRAPA
Ed. Principal Ala I, sala 201, às 14h


3a. FEIRA, 04.06.2002

SEMINÁRIO DO GRUPO DE BIOFÍSICA E FÍSICA MÉDICA
"Estruturas supramoleculares com porfirinas e complexos de rutênio e suas aplicações em terapia fotodinâmica"
Fábio Monaro Engelmann, Instituto de Química, USP
Ed. Principal, Ala I, Sala 204, às 16h

SEMINÁRIO DO GRUPO DE FÍSICA NUCLEAR TEÓRICA E FENOMENOLOGIA DE PARTÍCULAS ELEMENTARES (FINPE)
"O Termo sigma nas interações de bárions estranhos"
Celso de Camargo Barros Jr., FINPE-IFUSP
Ed. Principal, Ala II, Sala 335, às 17h


4a. FEIRA, 05.06.2002

SEMINÁRIO DO GRUPO DE FÍSICA ESTATÍSTICA
"Caminhadas do Turista: Passeios deterministas em redes aleatórias"
Osame Kinouchi, Jovem Pesquisador - FAPESP, DFM/FFCLRP-USP
Ed. Principal, Ala I, Sala 204, às 14h

COLÓQUIO DO DEPARTAMENTO DE FÍSICA MATEMÁTICA
"Combinando efeitos quânticos e gravitação: a física do inicio do universo"
Prof. Luís Raul Weber Abramo, IFUSP
Ed. Principal, Ala Central, Sala Jayme Tiomno, às 16h

SEMINÁRIO DO DEPARTAMENTO DE FÍSICA NUCLEAR
"Plantas transgênicas"
Profa.Dra. Marie Anne Van Sluys, Instituto de Biociências, USP
Edifício Oscar Sala, Sala 156, às 16h

MINI-COLÓQUIO DA GRADUAÇÃO
"Os nanomateriais. Que são, como se estudam e por que interessam?"
Prof. Dr. Aldo Craievich, IFUSP
Auditório Abrahão de Moraes, às 18:30h


5a. FEIRA, 06.06.2002

SEMINÁRIO DO LABORATÓRIO DE CRISTALOGRAFIA
"Controle da distribuição de tamanho de nanopartículas em sóis a base de óxido/hidróxido de níquel usado no crescimento de filmes eletrocrômicos"
Prof. Dr. Giancarlo Brito, IFUSP
Auditorio Norte, entre a Ala Central e a Ala II, às 10h

COLÓQUIO
"Reaching the Nanotechnology Horizon: Developing tools to generate, characterize and manipulate
nanosystems"
Prof. Daniel Ugarte, Laboratório Nacional de Luz Sincrotron – LNLS, Campinas, SP
Auditório Abrahão de Moraes, às 16 horas


6a. FEIRA, 07.06.2002

SEMINÁRIO DO GRUPO DE FLUIDOS COMPLEXOS (GFCX) - FEP
Acompanhamento de mudanças de morfologia de um elastômero por estudos de calorimetria e birrefrigência induzida"
;Bruna Bueno Postacchini, IFUSP
Auditório Adma Jafet, às 9h

SEMINÁRIO FÍSICA AO MEIO-DIA
"Tempo e Irreversibilidade na Abordagem da Escola de Bruxelas"
Prof. Francisco de Assis Ribas Bosco - Universidade Federal do Espírito Santo
Ed. Principal, Ala I, Sala 310, às 12h30


B I F U S P - Uma publicação semanal do Instituto de Física da USP

Editor: Prof. Nelson Fiedler-Ferrara

Secretária: Liliam Maria Matheus Gimenez

Textos e informações assinados são de responsabilidade de seus autores

São divulgadas no BIFUSP as notícias encaminhadas até 4a feira, às 12h, impreterivelmente

Fone/Fax: Tel: 3091-7114 - e-mail: bifusp@if.usp.br - Home page: www.if.usp.br