Boletim Informativo do Instituto de Fisica - USP No.14 23/05/03

bIFUSP

ANO XXII - No.14 - 23/05/2003


ÍNDICE


Avaliar pra quê? - Uma proposta construtiva sobre o Provão

Alessandro de Sousa Villar (1)

Vivemos em nosso país uma situação de crise no ensino superior. O espírito desenfreado por lucro aliado à omissão ou até conivência do governo motivaram a criação e o estabelecimento de uma miríade de cursos superiores indignos desse nome, meros venalizadores do conhecimento.

A principal conseqüência desse vil sistema é a inserção de falsos profissionais no mercado de trabalho, profissionais desprovidos do conhecimento técnico necessário ao bom exercício de suas funções. Por um lado sofrem estas pessoas, que em geral muito se sacrificam, psicológica e financeiramente, pela obtenção do diploma; por outro, sofre a Sociedade, desnorteada quando da escolha de um profissional para qualquer fim e cética após contratar os serviços de um incompetente.

Por isso faz-se mister o uso de medidas de contenção desse espírito capitalista exacerbado de forma a assegurar o bem comum. Uma das maneiras de se buscar esse fim é fazendo uso de uma avaliação institucional, tal como o Exame Nacional de Cursos (vulgo "Provão").

Em sua forma atual o Provão sofre algumas importantes dificuldades, dentre as quais a maior é a discrepância entre a avaliação tal como é feita e o fim imediato a que se propõe: medir de forma confiável a excelência das instituições neste país.

Claro está que os resultados já obtidos pelo Provão não são totalmente equivocados; entretanto, esse fim imediato, de tão grandioso e complexo, torna-se quixotesco. É duvidoso que a qualidade absoluta de uma instituição como um todo possa ser medida com tamanha precisão a ponto de se diferenciar notas "A" de "B", ou "C" de "D", com um teste de múltipla escolha, tal como é feito. Mais: é duvidoso que uma instituição que receba "A" no Provão seja excelente. Ou seja, as categorias em que se divide o resultado do Provão não são fiéis ao que deveriam significar. Avaliar somente o produto final, o profissional formado, é sem dúvida o caminho correto; existem, porém, outras habilidades que deve possuir um profissional, habilidades específicas de cada profissão (que não variam, entretanto, entre as diversas regiões do país, ou do mundo, salvo raríssimas exceções; caso mudassem, jamais seriam estudados autores estrangeiros).

Além disso, instituições baseadas na convivência próxima entre ensino e geração de conhecimento não podem ser avaliadas em pé de igualdade com instituições em que só há ensino.

Todas estas dificuldades podem ser resolvidas caso o objetivo imediato do Provão passe a ser mais pragmático: um teste que avalie meramente se a instituição forma profissionais com um mínimo de conhecimento técnico. Ou seja, o Provão se restringiria a avaliar somente o que se precisa de fato ser avaliado, nada mais. Afinal, avaliar detalhadamente o nível de excelência das instituições de ensino superior atribuindo-lhes conceitos é, além de assaz complexo, totalmente desnecessário e, muitas vezes, redundante.

Desse modo, o Provão teria apenas duas categorias classificatórias, "instituição minimamente qualificada" e "instituição reprovada". Com essa mudança de objetivo imediato, a forma corrente do Provão ^Ö um teste de múltipla escolha ^Ö serviria aos propósitos que se almejariam: sair-se bem no Provão nada demonstraria, porém o contrário seria eloqüente: aquela instituição que forma profissionais que nem o conhecimento básico dominam deve ser lacrada e sua terra salgada para que nenhuma flor jamais cresça em terreno tornado maldito pela exploração social descarada.

O critério de classificação pode ser objetivamente fixado usando o bom senso, sempre numa base comparativa com as melhores instituições, que darão a régua de medida.

O nível de exigência da avaliação pode ser gradativamente elevado a partir do momento em que o caos é removido do ensino superior, e pode-se até criarem-se testes específicos de habilidades, nunca deixando de respeitar o espírito minimalista de exigência: o Provão deve ter como linha de ação impor um limite inferior na excelência das instituições de ensino superior de forma a ser mais um método de salvaguarda da Justiça e do Bem Comum.

Espero que os estudantes não boicotem o Provão simplesmente por mais um ano: que nossa atitude seja reconhecer sua utilidade e, através de um movimento coletivo organizado e duradouro, façamos ouvir nossas propostas, que precisam finalmente se tornar construtivas e exeqüíveis.

(1) Estudante de Mestrado no IFUSP - e-mail: villar@if.usp.br


CEFISMA

O Provão novamente em questão- atividades programadas

Nos três anos em que a Física participou do Provão os estudantes do IF boicotaram a prova. Esta atitude se baseou em uma série de críticas tanto ao seu formato quanto à forma de divulgação de suas notas, as conseqüências desta e a forma pela qual ela se inseria na política educacional do governo. Este ano o governo mudou, mas o Provão aparentemente permanecerá da mesma forma. Devemos portanto discutir novamente a questão da avaliação do ensino superior e qual o papel ou validade do Provão neste sentido. Ele é uma boa avaliação? A que esta avaliação se presta? Por fim, devemos nos posicionar. Tanto o fazer a prova quanto o não fazer implica em um posicionamento. E ele deve ser coletivo. Um boicote parcial vai contra tanto os que boicotaram quanto os que fizeram: não caracteriza um protesto à prova e faz com que a avaliação de nosso curso seja aquém do real, passando uma idéia distorcida da qualidade do nosso curso, ou ao menos do desempenho real que teríamos na prova.

Para fazer este debate e tomarmos posição, o CEFISMA programou as seguintes atividades:

26/05- 12h - Palestra com o Prof. Otaviano Helene, Presidente do INEP (órgão que realiza a prova): O Provão e a política nacional de ensino superior, Auditório Abrahão de Moraes

28/05- 18h - Debate- O Provão como avaliação do ensino superior, Auditório Abrahão de Moraes

Com a participação de:

- Prof. Alinka Lepine, integrante da Comissão de Física do Provão

- Prof. João Zanetic, IFUSP

- Fábio S. Vanhcchi, Bacharel pelo IF

- Éverton Zanella, Pós-graduando do IF

Após o debate; realizaremos uma plenária de todos os estudantes do IF para decidir nossa atitude frente a prova, no Auditório Abrahão de Moraes.


COLÓQUIO

"Quantization of Constrained Systems"

Prof. Dr. Dmitri Gitman, IFUSP

29 de maio, quinta-feira, Auditório Abrahão de Moraes, às 16h

The development of quantum theory began with the quantization of such simple systems as a free particle, a harmonic oscillator, and a non-relativistic particle in potential fields. In fact, the experience in the quantization of such systems was used to formulate a general consistent scheme for operator quantization of Hamiltonian systems without constraints and with a flat phase space [1]. Such a scheme is called the canonical quantization.

However, majority of modern physical theories belong to the class of the so-called singular theories (gauge theories present a particular case of singular theories), which obey constraints in the Hamiltonian formulation [2,3]. At present increasingly complicated gauge models are used in field and string theory. In the Hamiltonian formulation with the phase-space variables , equations of motion (or any consequences of the equations of motion) of the form are called constraints. There exist different methods of the quantization for such theories [3,4], e.g. Dirac's quantizations of theories with first- and second-class constraints, BRST quantization, BFV, BV quantizations, and so on. Part of them is based on the possibility to transform the initial classical theory to a simple form, which admits afterwards the canonical quantization.

Thus, one can say that quantization of constrained systems is at present an important and necessary part of modern quantization theory.

Bibliography:

[1] J.V. von Neumann, Mathematische Grundlagen der Quantenmechanik, Berlin 1932.

[2] P.A.M.Dirac, Lectures on Quantum Mechanics, NY 1964.

[3] D.M.Gitman, I.V.Tyutin, Quantization of Fields with Constraints, Berlin 1990.

[4] M. Henneaux and C. Teitelboim, Quantization of Gauge Systems, Princeton 1992.


SEMINÁRIO

Grupo Informal de Seminários entre Estudantes

"Avaliação de Doses Absorvidas em Exames Radiodiagnósticos Infantis em São Paulo"

Lívia Alves Ribeiro (Orientadora: Elisabeth Mateus Yoshimura)

26 de maio, segunda-feira, Auditório Sul, às 13h

Observando dados referentes ao total de exames médicos com raios-x realizados em hospitais do município de São Paulo, podemos constatar que uma grande quantidade desses exames são de pacientes infantis.

O trabalho, que ainda está em andamento, visa fazer um levantamento do número de pacientes infantis que são atendidos nesses hospitais e posteriormente avaliar a dose à qual eles são submetidos, utilizando métodos computacionais ou mesmo dosímetros TL.

Nesse seminário apresentarei dados referentes ao volume de exames e tipos mais comuns e também alguns valores preliminares de doses de entrada na pele.


SEMINÁRIOS DE ENSINO ESPECIAIS

Segunda Palestra do Ciclo

"Ensino de Ciências, Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação"

"Ensino de ciências: dimensão epistemológica no contexto educacional"

Prof. Dr. Antônio Joaquim Severino, FEUSP

27 de maio, terça-feira, Auditório Sul, às 16h

O seminário procura situar a pesquisa em ensino de ciências no contexto mais amplo do processo socio-educacional. Para tanto, para além dos pressupostos propriamente epistemológicos da construção do conhecimento, explicita as implicações da pesquisa no campo da atividade do ensino de ciências tanto para a formação do docente como para a formação dos educandos em geral. A idéia subjacente à exposição é de que tanto a aprendizagem da ciência como o seu ensino só podem ser pedagogicamente fecundos se estiverem lastreados na pesquisa que tenha por objeto a produção do conhecimento científico sobre a própria prática de ensino. Ensinar ciência só pode ocorrer mediante a produção do conhecimento científico. Conclui-se então que as atividades de pesquisa em ciência, de pesquisa sobre o ensino de ciências e o próprio ensino de ciências são atividades intimamente interligadas e que se implicam mutuamente.

Antônio Joaquim Severino é atualmente professor de Filosofia da Educação na Faculdade de Educação da USP, na categoria de Professor Associado, MS-5. Licenciou-se em Filosofia na Universidade Católica de Louvain, Bélgica, em 1964. Na PUCSP, apresentou seu doutorado em Filosofia, em 1972. Prestou concurso de Livre Docência em Filosofia da Educação, na Universidade de São Paulo, em 2000. Seus estudos e pesquisas atuais situam-se no âmbito da filosofia e da filosofia da educação, com destaque para as questões relacionadas com a epistemologia da educação e para as temáticas concernentes à educação brasileira e ao pensamento filosófico e sua expressão na cultura brasileira.


COLÓQUIO DO DEPARTAMENTO DE FÍSICA MATEMÁTICA

"O 'Forward Proton Detector' do DØ"

Prof. Dr. Sérgio F. Novaes, IFT/UNESP

28 de maio, quarta-feira, Ed. Principal, Ala Central, Sala Jayme Tiomno, às 14h (s. t.)

O Forward Proton Detector é um sub-detector do D0 que tem por finalidade identificar a passagem de prótons e anti-prótons espalhados a baixíssimos ângulos, permitindo a investigação da física de processos difrativos. Ele consiste de espectrômetros de momento que permitem localizar a trajetória da partícula e calcular seu momento e ângulo de espalhamento. As trajetórias são medidas através de detectores de fibras cintiladoras localizados em câmaras de vácuo posicionadas no túnel do Tevatron entre 20 e 60 metros do ponto de interação. Apresentamos uma visão geral do detector e da física que poderá ser estudada e mostramos alguns resultados preliminares.


ASSISTÊNCIA ACADÊMICA

a) Estarão abertas, de 14 de maio a 10 de setembro de 2003, as inscrições para a contratação de um professor doutor, Ref. MS-3, em RDIDP, junto ao Departamento de Física Experimental nas áreas de Ótica Quântica Experimental ^Ö Propriedades Quânticas do Campo Eletromagnético (baixas energias) ^Ö Sub-áreas: a) informação quântica em sistemas de ótica quântica; b) transparência induzida por laser (EIT); c) eletrodinâmica quântica em cavidades; d) átomos frios.

Informações adicionais podem ser obtidas na Assistência Acadêmica do IFUSP (ramais 6902 e 7000 ou e-mail ataac@if.usp.br).

b) Será realizada no próximo dia 28 de maio, das 9h às 19h30m, na sala 207 da Ala I, a eleição para a escolha dos representantes docentes, titulares e suplentes, das categorias MS-2, MS-3 e MS-5 junto à Congregação do IF.


TESES E DISSERTAÇÕES

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Luciana de Oliveira Lellis
"Um estudo das mudanças relatadas por professores de ciências a partir de uma ação de formação continuada"
Comissão Examinadora: Profs. Drs. Maria Eunice Ribeiro Marcondes (orientadora), Luiz Roberto de Morais Pitombo (IQUSP) e Orlando Gomes Aguiar Júnior (UFMG)
30/05, sexta-feira, sala 209, Ala II do Ed. Principal, às 14h


ATIVIDADES DA SEMANA


2a. FEIRA, 26.05.2003

GRUPO INFORMAL DE SEMINÁRIOS ENTRE ESTUDANTES
"Avaliação de Doses Absorvidas em Exames Radiodiagnósticos Infantis em São Paulo"
Lívia Alves Ribeiro (Orientadora: Elisabeth Mateus Yoshimura)
Auditório Sul, às 13h


3a. FEIRA, 27.05.2003

SEMINÁRIO EXTRA DO DEPARTAMENTO DE FÍSICA NUCLEAR
"Black Holes, Hawking Radiation and Information Paradox"
Dr. Dmitri Vassilevich, Universität Leipzig Ed. Oscar Sala, Sala de Seminários do LAFN, às 14h

SEMINÁRIO DO GRUPO DE MECÂNICA ESTATÍSTICA
" Ferromagnetic Models in a Random Field"
Cirano de Dominicis, Service de Physique Théorique, Saclay, França
Ed. Principal, Ala I, sala 204, às 14h

SEMINÁRIO DE ENSINO Segunda Palestra do Ciclo "Ensino de Ciências, Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação"
"Ensino de Ciências: dimensão epistemológica no contexto educacional"
Prof. Dr. Antônio Joaquim Severino, FEUSP
Auditório Sul, às 16h

SEMINÁRIO DO GRUPO DE ESTUDO DE HÁDRONS E FÍSICA TEÓRICA (GRHAFITE)
"Supercondutores Óxidos"
Prof. Dr. Renato de Figueiredo Jardim, IFUSP
Ed. Principal, Ala II, sala 335, às 17h


4a. FEIRA, 28.05.2003

COLÓQUIO DO DEPARTAMENTO DE FÍSICA MATEMÁTICA
"O 'Forward Proton Detector' do DØ"
Prof. Dr. Sérgio F. Novaes, IFT/UNESP
Ed. Principal, Ala Central, Sala Jayme Tiomno, às 14h (s. t.)

SEMINÁRIO DO GRUPO DE FLUIDOS COMPLEXOS (GFCX) - DFEP
"Utilização de Superfícies Microtexturizadas no Alinhamento de Cristais Líquidos"
Ivan Helmuth Bechtold, IFUSP
Auditório Adma Jafet, às 16h


5a. FEIRA, 29.05.2003

COLÓQUIO
"Quantization of Constrained Systems"
Prof. Dr. Dmitri Gitman, IFUSP
Auditório Abrahão de Moraes, às 16h


B I F U S P - Uma publicação semanal do Instituto de Física da USP

Editor: Prof. Nelson Fiedler-Ferrara

Secretária: Rosangela Trevisan Rodrigues

Textos e informações assinados são de responsabilidade de seus autores

São divulgadas no BIFUSP as notícias encaminhadas até 4a feira, às 12h, impreterivelmente

Tel: 3091-6900 - Fax: 3091-6701 - e-mail: bifusp@if.usp.br - Home page: www.if.usp.br