ANO XXIII - No.20 - 30/07/2004

ÍNDICE


A invasão da Reitoria na Unicamp

Roberto Romano 1,2

A grande conquista democrática, após a reurbanização ocorrida no fim da Idade Média, é a personalidade jurídica dos cidadãos. Antes disso, um indivíduo só existia no seu estamento (nobreza, clero, corporações). Carentes de carapaça social, os pobres suscitavam até mesmo debates para saber se eram mesmo humanos. Os camponeses viveram tal drama durante milênios. Eram percebidos como entes sem fala articulada ou modos polidos. Para abandonar essa aparência, se pretendiam acompanhar cursos acadêmicos, precisavam ser transformados em gente. Nasce o trote. O pobre sem nome ilustre era assim agredido como "bicho" pelos ricos ou remediados de origem urbana. Só depois recebia o status de universitário, mas sempre em situação inferior aos "bem nascidos".

Ao escapar das garras feudais, os camponeses tentavam a vida nas cidades ("So ar das urbes dá liberdade"), mas encontravam a sólida barreira dos privilégios corporativos diante de si. Eles tinham dificuldades inauditas para conseguir emprego, matrimônio, etc. Seu grande número era dirigido para os trabalhos servís. No mister do quintal, do fogão e de outros menos cansativos e mais degradantes, eram chamados com a fórmula "tu". Seu nome não interessava: estavam alí como autômatos para agradar os mestres, os quais podiam castigá-los do modo como julgassem adequado. Eles seriam irresponsáveis e sem dignidade. Estavam presentes na casa, mas anônimos. A Revolução Francêsa combateu essa tara social. Muitos erros de seus adeptos radicais têm origem nos milênios de ressentimento dos servos que agora podiam dar o troco. Muita injustiça foi cometida em nome do ódio e do rancor acumulados após tanta degradação. Com os eventos democráticos, iniciados nas revoltas camponesas da Alemanha no século 16 e na revolução dos Levellers na Inglaterra do século 17, o Estado passou a garantir uma personalidade a todos os indivíduos. Isso tem nome: cidadania.

Desde então, os movimentos políticos contrários ao campo democrático, sobretudo os totalitarismos do século 20, se esmeraram em arrancar dos indivíduos comuns a sua personalidade civil. Eles só mereceriam títulos que os inserissem numa certa massa. Não foram mais admitidos nenhum Pedro ou José mas apenas os "militantes" que obedecem ordens e não possuem face própria. Militante ou massa, o destino dos submetidos é decidido pelos donos dos partidos e do Estado, os únicos que ostentam nome e rosto. Hitler ou Stalin: só vale o nome do ditador. Tal é a essência do "culto à personalidade". Nas terras democráticas, foi mantida "não raro apenas formalmente" a personalidade dos homens comuns. Mas a tendência dominante foi a de transformá-los em massa ou em militantes ocasionais. É o que se passou no macartismo norte- americano e nas manipulações propagandísticas ditatorial sul americanas.

Nos anos sessenta do século 20 surgiu um tipo humano peculiar. No lado repressivo, policiais fora da lei começaram a se cobrir com máscaras para garantir o terror. Os esquadrões da morte jamais exibiam rostos e nomes. Na esquerda, militantes escondiam-se sob máscaras para supostamente escapar à repressão. Mas todos se escondiam sob a máscara anônima, atributo primitivo dos carrascos. Policiais corruptos ou militantes fanáticos usurparam as atribuições da justiça e das formas políticas do Estado. Surgiram os novos terroristas.

A universidade é uma instituição do Estado e nela o direito público deve ser o norte. Alí, todos os membros têm nome, endereço, personalidade. Nela, todos são responsáveis, todos possuem direitos e deveres. É assustador que estudantes "amanhã eles serão os condutores do Estado e da sociedade" empreguem máscaras para invadir uma reitoria, quebrar portas e fazer ameaças. Apoio as reivindicações de professores, estudantes e funcionários. Meus dois cursos de semestre foram interrompidos pela greve. Mas não posso me furtar, como professor de ética, à denúncia da regressão cívica cometida por alguns estudantes. Norberto Elias mostra, em livros pungentes, que atos semelhantes prepararam o nazismo. A minoria dos encapuzados que vandalizaram a Unicamp reúne candidatos a dirigentes fascistas. Contra eles, agora, todo o rigor da lei!

1 Publicado no Correio Popular, edição de 5/7. Reproduzido no Jornal da Ciência, SBPC, 9/7/2004.

2 Texto enviado pelo Prof. João C. A. Barata, Departamento de Física Matemática.


ASSISTÊNCIA ACADÊMICA

O Concurso Público de Títulos e Provas para provimento de um cargo de Professor Titular junto ao Departamento de Física Matemática, em que estão inscritos os Drs. Victor de Oliveira Rivelles, Paulo Teotônio Sobrinho, Renata Zukanovich Funchal e João Carlos Alves Barata terá início às 9 horas do próximo dia 2 de agosto, na Diretoria. A seguir, os trabalhos terão prosseguimento na sala 207 da Ala I.


COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO

EXAME DE QUALIFICAÇÃO

As inscrições serão aceitas no período de 2 a 6 de agosto de 2004. Os exames serão realizados na 2a quinzena de agosto de 2004.

DEFESAS OCORRIDAS NO PERÍODO EM QUE NÃO HOUVE BIFUSP

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Gustavo Barbagallo de Oliveira
"Redutibilidade em sistemas de dois níveis"
Comissão Examinadora: Profs. Drs. Domingos Humberto Urbano Marchetti (orientador-IFUSP), João Carlos Alves Barata (IFUSP) e César Rogério de Oliveira (UFSCar).
15/07, quinta-feira, Sala 209, Ala II do Ed. Principal do IFUSP, às 14h00

TESE DE DOUTORADO
Thomás Augusto Santoro Haddad
"Exemplos de universalidade na física estatística de modelos aperiódicos e desordenados"
Comissão Examinadora: Profs. Drs. Silvio Roberto de Azevedo Salinas (Orientador-IFUSP), João Carlos Alves Barata (IFUSP), Alessandro Paulo Sérvio de Moura (IFUSP), Jairo Rolim Lopes de Almeida (UFPE) e Ronald Dickman (UFMG).
21/07, quarta-feira, Sala 209, Ala II do Ed. Principal do IFUSP, às 14h00


"CONVITE À FÍSICA"

Colóquios dedicados aos alunos ingressantes de 2004

Organizados pelo Departamento de Física Matemática

Local: Auditório Abrahão de Moraes, Instituto de Física - Horário: quartas-feiras às 18h

Home-page: http://fma.if.usp.br/convite

Programa do Segundo Semestre de 2004:

11/08 - "Física Estatística: Ordem, Desordem e Entropia'' - Prof. Sílvio R. A. Salinas, IFUSP

18/08 - "À Procura de Sistemas Planetários ao Redor de Estrelas Próximas'' - Prof. Sylvio Ferraz Mello, IAG-USP

25/08 - "A Física Moderna Através do Estado Sólido'' - Prof. Antônio J. Roque da Silva, IFUSP

01/09 - "Física de Plasmas - da Criação do Universo às Aplicações Tecnológicas'' - Prof. Ricardo M. Galvão, IFUSP e CBPF

15/09 - "O Arco-Íris'' - Prof. Mahir S. Hussein, IFUSP

22/09 - "Física e Medicina. Modelos Matemáticos em Epidemias'' - Prof. Eduardo Massad, FMUSP

29/09 - "Do Elétron aos Quarks. Os Constituintes Fundamentais da Matéria'' - Prof. Oscar J. P. Éboli, IFUSP

06/10 - "A Analogia como Instrumento de Descobertas na Física'' - Prof. Henrique Fleming, IFUSP

13/10 - "Física Quântica: Além do Senso Comum'' - Prof. Antônio F. R. de Toledo Piza, IFUSP

20/10 - "De Navio, da Ciência Medieval à Ciência Moderna'' - Profa. Marília J. Caldas, IFUSP

27/10 - "Teoria do Caos : Será o Fim do Universo Previsível?'' - Profa. Carmen P. C. do Prado, IFUSP

03/11 - "Astronomia na Era dos Grandes Telescópios'' - Prof. João E. Steiner, IAG-USP

10/11 - "A História da Computação Contada por um Físico'' - Prof. Paulo Teotônio Sobrinho, IFUSP

17/11 - "O Mundo dos Quanta'' - Prof. Luiz Davidovich, UFRJ

24/11 - "Matemática, Física e Criptografia. De Júlio César aos QBits'' - Prof. Paulo A. Nussenzveig, IFUSP

01/12 - "99 anos de Relatividade'' - Profa. Renata Zukanovich Funchal, IFUSP

Os organizadores


TAI-CHI CHUAN

o TAI-CHI CHUAN voltou!

As aulas serão às quintas-feiras, das 12 às 13h30, no prédio anexo ao Edifício Oscar Sala (Pelletron)

Início das aulas dia 5/08/2004. Todos são bem-vindos, iniciantes e veteranos!

Mané Robilotta


TESES E DISSERTAÇÕES

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Flávio Henrique Severino Oliveira Vieira
"Estabilidade do horizonte de Cauchy no buraco negro de Reissner-Nordström"
Comissão Examinadora: Profs. Drs. Elcio Abdalla (orientador-IFUSP), Alberto Vazquez. Saa (UNICAMP), Frank Michael Forger (IME/USP)
05/08, quinta-feira, Sala 209, Ala II do Ed. Principal do IFUSP, às 14h.

TESE DE DOUTORADO
Erich Arturo Saettone Olschewski
"Construção e utilização de um limitador ergódico magnético no tokamak TCABR"
Comissão Examinadora: Profs. Drs. Álvaro Vannucci (orientador-IFUSP), Iberê Luiz Caldas (IFUSP), Edson Del Bosco (INPE), Ricardo Luiz Viana (UFPR) e Munemasa Machida (UNICAMP).
06/08, sexta-feira, Sala 209, Ala II do Ed. Principal do IFUSP, às 14h30.


B I F U S P - Uma publicação semanal do Instituto de Física da USP
Editor: Prof. Nelson Fiedler-Ferrara
Secretária: Rosangela Trevisan Rodrigues
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