ANO XXIV - No.37 - 25/11/2005

ÍNDICE


Eleições diretas na USP

A eleição do reitor(a) da USP trouxe novamente à tona a discussão das eleições diretas na universidade, discussão esta que reaparece com a eleição do diretor do IFUSP no próximo mês. Vamos lembrar como tudo começou. Durante a ditadura militar era comum que reitores, diretores e chefes de departamento de universidades federais fossem nomeados mesmo sem estarem presentes na lista elaborada regimentalmente. Eram verdadeiras intervenções militares nas universidades. No final do regime militar, num esforço para que políticos inescrupulosos deixassem de usar as ferramentas autoritárias na escolha de dirigentes universitários, foi lançada a eleição direta, com a participação de professores, estudantes e funcionários, como uma forma de legitimização da lista elaborada pelos órgãos colegiados. Graças à esse esforço, hoje em dia não há mais intromissões externas e indevidas na escolha dos mandatários universitários e elas têm ocorrido dentro das normas legais. Apesar do término do regime militar, a eleição direta permaneceu como um resquício dos tempos autoritários e corre o risco de ser oficializada no projeto de reforma universitária que está sendo analisada no congresso. É bom lembrar que a eleição direta é comum nas universidades federais, onde é utilizada regularmente, e que a USP é possivelmente a única universidade pública que não a adota. Agora, depois de quase um quarto de século de prática, convém fazer um balanço de seus resultados.

O motivo que originou a eleição direta já não existe mais. Hoje em dia, procura-se justificar sua necessidade clamando-se por uma maior participação da comunidade na escolha dos dirigentes, com a finalidade de torná-la mais democrática e, portanto, de melhor qualidade. Se assim fosse, as universidades federais, depois de quase 25 anos de eleições diretas, deveriam ter suplantado a USP, porém isto não aconteceu (de fato, a qualidade das federais aumentou e isso ocorreu apesar das eleições diretas). Poder-se-ia argumentar que as universidades federais não alcançaram a USP porque não possuem os mesmos recursos financeiros que USP dispõem. Porém, é bom lembrar que a Unicamp, que dispõem proporcionalmente dos mesmos recursos da USP, e que pratica a eleição direta de longa data, não consta da lista das melhores universidades elaborada pelo Times Higher Education Supplement (http://www.thes.co.uk/worldrankings/). A USP é a única universidade brasileira mencionada pelo Times. Além disso, se a eleição direta surtisse algum efeito positivo, porque, então, outras universidades não a adotaram? Será que a Universidade de Oxford, com mais de 900 anos de idade, ou a Universidade de Harvard, fundada em 1636, ainda não tiveram tempo para descobrir que eleições diretas as tornariam melhores e mais competentes? Não são apenas os países capitalistas que não utilizam eleições diretas. A antiga URSS possuía universidades de primeira linha e a China possui seis universidades que estão na frente do Brasil no ranking do Times. Nenhuma utiliza ou utilizou eleição direta. Afinal, eles são comunistas mas não são idiotas.

Como vimos, não existe nenhuma relação entre eleições diretas e melhoria da universidade. Porque, então, esse assunto é tão discutido no Brasil e apenas no Brasil? A quem interessa tudo isso? Se observarmos atentamente, a eleição direta têm servido apenas para promover as pessoas que a defendem. Elas conquistaram um palanque para professar suas idéias e é necessário discernir aqueles que querem engrandecer a universidade daqueles que a querem reduzi-la à uma pequenez típica do terceiro mundo. Por isso, deve-se dar máxima atenção à atuação profissional quer daqueles que defendem, quer daqueles que são contra as diretas. Isso é fácil para os professores pois estes conhecem-se mutuamente. Já para os estudantes e funcionários, é um pouco mais complicado. Na sala de aula é fácil ter uma idéia da competência do professor enquanto professor. Já a competência profissional é muito mais difícil de avaliar. Com essa finalidade, aqui vão algumas dicas para os estudantes. Vá até a homepage dos departamentos e verifique se o professor é livre-docente ou titular. É necessário escrever uma tese original para a livre-docência e submeter-se à uma banca para tornar-se titular. São tarefas árduas que nem todos conseguem encarar. Outro indicador importante é saber se o professor possui bolsa de produtividade em pesquisa do CNPq, um reconhecimento da comunidade ao trabalho por ele desenvolvido. Essa informação está disponível no próprio CNPq: http://www.cnpq.br/resultadosjulgamento/bolsas_pq_ca_10_04_engenharias.htm. O nível mais alto é 1A e o mais baixo é o 2, e não possuir uma bolsa é bastante revelador. Você pode aproveitar para olhar o currículo Lattes de seu professor e ver quantos alunos ele orientou e orienta, quantos artigos publicou, se continua ativo, enfim, ter uma idéia de sua carreira. Isto também pode ser feito no CNPq: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/buscapesq.jsp. Outra informação importante é a participação em Projetos Temáticos da Fapesp, Pronex, Institutos do Milênio, e outros projetos que envolvam uma avaliação externa. Essas informações são mais difíceis de serem obtidas mas freqüentemente constam do currículo Lattes. Desconfie sempre daqueles que criticam ou mostram-se avesso às avaliações, pois estes são os verdadeiros inimigos de uma universidade competente.

A única justificativa para eleições diretas é sua capacidade de contribuir para a edificação de uma universidade de qualidade, mais competitiva e de inserção internacional, e a experiência brasileira mostra que isso jamais ocorreu. Qualquer outra justificativa serve apenas para alavancar motivos mesquinhos que visam o engrandecimento pessoal e não o da universidade. Procure informações sobre quem apóia e quem não apóia as eleições diretas. E pense bem antes dar seu suporte à qualquer movimento pelas diretas na USP pois seus filhos correm o risco de vir a cursar uma universidade de qualidade inferior àquela que você freqüenta atualmente.

Prof. Victor Rivelles


DIRETORIA

ANO MUNDIAL DA FÍSICA

Com o evento "Física para o Desenvolvimento: Tendências e Perspectivas", que estará ocorrendo no Auditório Abrahão de Moraes em 25/11/2005, sexta-feira, pretendemos encerrar o Ano Mundial da Física. Por ocasião do encerramento das atividades no IF propomo-nos a pensar no desenvolvimento da Física em um futuro próximo.

Programação das Palestras

09h00 – "Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional (O Papel do MCT)"

Prof. Dr. Sérgio Rezende – Ministro de Estado de Ciência e Tecnologia

10h00 – "Caos no Sistema Solar"

Prof. Dr. Othon Cabo Winter – FEG/UNESP

11h30 – "Microscopia Eletrônica de Transmissão"

Prof. Dr. Daniel Mario Ugarte - LNLS

14h30 – "Física de Terremotos"

Prof. Dr. Giovani Lopes Vasconcelos - UFPE

15h30 – "Modelos de Neurônios da Medula Espinhal"

Prof. Dr. André Fábio Kohn - EPUSP

17h00 – "Ótica Quântica"

Prof. Dr. Carlos Henrique Monken – UFMG

Durante as palestras haverá transmissão ao vivo pela Internet através deste link: http://real.emm.usp.br:7070/ramgen/broadcast/vivo-if.rm


LANÇAMENTO DE LIVRO

Compartilhamos com a comunidade a comunicação que nos fez o Prof. Mauro Cattani, do Departamento de Física Aplicada do IFUSP, do lançamento em 11 de novembro passado de mais um seu livro. Trata-se de "Teoria de Grupo e Algumas Aplicações em Física", escrito em co-autoria com o Prof. J.M.F. Bassalo, da Universidade Federal do Pará. O livro, editado pela Editora da Universidade Federal do Pará, com apoio da USP e do CNPq, tem como objetivo ensinar a Teoria de Grupo aos alunos de graduação em física. Além de aspectos básicos da teoria, são mostradas aplicações em física (mecânica quântica, espectroscopia, cristalografia e partículas elementares). Apresenta-se, também, brevemente, a Teoria de Gauge, como uma das aplicações da referida teoria. Nossos parabéns ao Prof. Bassalo e ao Prof. Cattani por essa publicação didática que certamente enriquecerá o ensino de física na área.

Prof. Nelson Fiedler-Ferrara

Editor


SEMINÁRIO DO GRUPO DE FÍSICA ESTATÍSTICA

"Eqüipartição de Energia, Bilhar de Sinai e Movimento Browniano"

Prof. Dr. Mário José de Oliveira - IFUSP

29 de novembro, terça-feira, às 14h – Ed.Principal - Ala I - sala 204

Destacamos, nesse seminário, o papel fundamental do teorema da eqüipartição da energia e de sua maior conseqüência, a hipótese de Avogadro, no desenvolvimento da teoria atômico-molecular e da teoria cinética dos gases, durante o século 19, na explicação do movimento browniano por Einstein e Langevin, e no estabelecimento da constante universal de Boltzmann. Para ilustrar a eqüipartição da energia, mostramos resultados de simulação numérica do movimento de dois discos rígidos de massas distintas confinados numa cavidade quadrada, que se chocam elasticamente entre si e contra as paredes da cavidade.


SEMINÁRIO DO DEPARTAMENTO DE FÍSICA DOS MATERIAIS E MECÂNICA

"Máquinas Quase-Ideais: uma nova aplicação da supercondutividade?"

Prof. Dr. Osvaldo F. Schilling

Departamento de Física - Universidade Federal de Santa Catarina - Florianópolis, SC

30 de novembro, quarta-feira, às 14h - Sala de Seminários José Roberto Leite

A idéia de que energia possa ser totalmente conservada num sistema físico feito pelo homem é considerada utópica, ficando então em aberto a questão sobre quão próximos desse comportamento ideal sistemas reais poderiam se comportar. Neste seminário discutiremos dois desses sistemas "quase-ideais". O primeiro deles, um oscilador eletromecânico, é constituído de uma espira supercondutora que levitaria sem atrito na presença de campos magnéticos, executando um movimento harmônico. Correntes alternadas surgem na espira acompanhando o movimento, o que levanta a questão de como evitar perdas de energia por histerese no supercondutor. A maneira de reduzir tais perdas abaixo do nível de detecção é discutida em detalhes, assim como as formas de se evitar perdas de origem simplesmente resistiva. O fator de qualidade teórico deste oscilador é ~ 9x1010! O segundo sistema a ser tratado é um gerador de corrente alternada supercondutor, baseado no oscilador, que explora a (quase) completa ausência de perdas resistivas ou histeréticas para converter (quase) integralmente energia mecânica em energia elétrica e produzir dezenas ou centenas de kiloWatts. O quanto tais máquinas se aproximariam na prática da conservação integral de energia seria eventualmente função do investimento em P&D.


Convite à Física 2005

Colóquios dedicados ao público geral, em especial aos alunos ingressantes da USP

Organizados pelo Departamento de Física Matemática

"Um Sonho de Einstein: a Unificação das Leis da Física"

Prof. Victor de Oliveira Rivelles, IFUSP

30 de novembro, quarta-feira, às 18h - Auditório Abrahão de Moraes

Home-page: http://fma.if.usp.br/convite

O último grande projeto de Einstein foi a busca de uma teoria unificada para a gravitação e o eletromagnetismo. Vamos discutir a motivação de Einstein, a visão reducionista e emergente na física, e a situação atual na busca de uma teoria unificada.

Bibliografia:

- A. Einstein, On the Generalized Theory of Gravitation, Scientific American, April 1950, p.13

- R. B. Laughlin, A Different Universe (Basic Books, 2005)

- A. Pais, Sutil é o Senhor (Nova Fronteira, 1982)

- S. Weinberg, Sonhos de uma Teoria Final (Rocco, 1996)

- S. Weinberg, A Unified Physics by 2050?, Scientific American, December 1999, p.36

Os Organizadores


COMISSÃO DE CULTURA E EXTENSÃO

FÍSICA PARA TODOS

"O Homem agredindo o meio ambiente local e global"

Prof. Paulo Eduardo Artaxo Netto - IFUSP

03/12, sábado, às 15h - Estação Ciência – Rua Guaicurus, 1394

A Humanidade adquiriu a capacidade de alterar o meio ambiente local e global, com conseqüências que podem não ser muito positivas para nós. A poluição do ar em São Paulo afeta a saúde de milhões de paulistanos, enquanto o efeito estufa global pode alterar o clima da terra de modo bastante significativo. O impacto no meio ambiente físico dessas alterações, como o aumento da temperatura global, terá implicações sociais e econômicas importantes para o Brasil e nosso planeta. Esses impactos podem alterar desde a ocupação de nosso litoral, a produção agrícola, e todo o sistema econômico global, com perspectivas que vamos discutir nesta conferência.


DIRETORIA DE ENSINO

COMUNICADO DA DIRETORIA DE ENSINO

  1. Monitorias A e C para o 1º semestre de 2006
  2. Inscrições: 16/11 a 09/12/2005

  3. Monitoria B (PAE)
  4. Inscrições: 10/11 a 02/12/2005

    Horário: segunda a sexta-feira, das 9 às 12 e das 14 às 17 horas.

    Local de inscrição: Diretoria de Ensino, sala 212 do Ed. Principal – Ala Central

    Os formulários para inscrição encontram-se disponíveis no site: http://www.if.usp.br/grad/grad.html.

    Em caso de dúvidas favor contatar a Sra. Ellen – ramal 6666

    Ellen Gobato

    Diretoria de Ensino - IFUSP


    TESES E DISSERTAÇÕES

    TESE DE DOUTORADO
    Angela Dayana Barra Barrera
    "Estudo do acoplamento de troca no sistema NiFe/FeMn e efeitos da irradiação iônica"
    Comissão Examinadora: Profs. Drs. Antonio Domingues dos Santos (Orientador - IFUSP), Frank Patrick Missell (IFUSP), Márcia Carvalho de Abreu Fantini (IFUSP), Luiz Carlos Sampaio Lima (CBPF) e Flavio Garcia (LNLS)
    01/12, quinta-feira, Sala 209, Ala II do Ed. Principal, às 14h


    ATIVIDADES DA SEMANA


    2a. FEIRA, 28.11.2005

    COLÓQUIO DO DEPARTAMENTO DE FÍSICA MATEMÁTICA
    "Experimentos com anti-hidrogênio - testes de CPT e principio de equivalência"
    Prof. Carlos Lenz Cesar - UFRJ
    Sala Jayme Tiomno, Edifício Principal, às 16h


    3a. FEIRA, 29.11.2005

    SEMINÁRIO DE FÍSICA ESTATÍSTICA
    "Eqüipartição de Energia, Bilhar de Sinai e Movimento Browniano"
    Prof. Dr. Mário José de Oliveira - IFUSP
    Edifício Principal, Ala I, Sala 204 – às 14h

    SEMINÁRIO DO LABORATÓRIO DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA
    "Efeito da radiação visível e UV na cor de cabelos brancos"
    Profa. Inés Joekes - IQ/UNICAMP
    Ed. Principal, Ala I, sala 201, às 15h

    SEMINÁRIO DO GRUPO DE HÁDRONS E FÍSICA TEÓRICA (GRHAFITE)
    "O Termo Sigma da Delta"
    Gabriel R. S. Zarnauskas, GRHAFITE – IFUSP
    Sala 335, Ed. Principal - Ala 2, às 17h

    SEMINÁRIO DO GRUPO DE BIOFÍSICA E FÍSICA MÉDICA
    "Laurdan: uma sonda fluorescente para estudar bicamadas lipídicas"
    Cíntia Cristina De Vequi Suplicy - IFUSP
    Sala 204 – Ed. Principal - Ala I, às 17h


    4a. FEIRA, 30.11.2005

    SEMINÁRIO DO DEPARTAMENTO DE FÍSICA DOS MATERIAIS E MECÂNICA
    "Máquinas Quase-Ideais: uma nova aplicação da supercondutividade?"
    Prof. Dr. Osvaldo F. Schilling
    Dep. de Física - Universidade Federal de Santa Catarina - Florianópolis, SC
    Sala de Seminário José Roberto Leite, às 14h

    CONVITE À FÍSICA 2005
    "Um Sonho de Einstein: a Unificação das Leis da Física"
    Prof. Victor de Oliveira Rivelles, IFUSP
    Auditório Abrahão de Moraes, às 18h


    6a. FEIRA, 02.12.2005

    SEMINÁRIO DO GRUPO DE FLUIDOS COMPLEXOS (GFCX) – DFEP
    "Dispersões Coloidais em Cristais Líquidos"
    Sandra Nakamatsu – IFUSP
    Auditório Adma Jafet, às 14h


    B I F U S P - Uma publicação semanal do Instituto de Física da USP
    Editor: Prof. Nelson Fiedler-Ferrara
    Secretária: Virgínia Gonçalves França
    Textos e informações assinados são de responsabilidade de seus autores
    São divulgadas no BIFUSP as notícias encaminhadas até 4a feira, às 12h, impreterivelmente
    Tel: 3091-6900 - Fax: 3091-6701 - e-mail: bifusp@if.usp.br - Home page: www.if.usp.br  

 
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