ANO XXV - No.07 - 31/03/2006

ÍNDICE


Civilizados? Sociáveis?

Em recente "blog" um colega comenta sobre outro colega (traduzindo do inglês): "Infelizmente ele vive no Brasil e temos que ser civilizados e sociáveis". Essa frase pressupõe a hipótese, que será analisada a seguir, de que ser civilizado e sociável é um lugar comum no nosso país.

Civilizados? O que se entende por civilização? Vamos tomar como exemplo de civilização o cumprimento de pessoas que se conhecem, que representa o reconhecimento da existência do outro. Em correspondência com o cardeal Carlo Maria Martini, Umberto Eco afirma: "Nós não conseguimos compreender quem somos sem o olhar e a resposta do outro. Na falta desse reconhecimento, o recém-nascido abandonado na floresta não se humaniza (ou, como Tarzan, busca o outro a qualquer custo no rosto de uma macaca), e poderíamos morrer ou enlouquecer se vivêssemos em uma comunidade na qual, sistematicamente, todos tivessem decidido não nos olhar jamais ou comportar-se como se não existíssemos". Assim, no reconhecimento do outro reside a base da civilização e da ética.

Ocorre que, no Brasil, o cumprimento é, muitas vezes, seletivo e usado como arma – é um "favor" que alguns concedem a outros como confirmação de certos rótulos – por exemplo, ser "bom", ou não concedido por algum motivo (algum problema de aparência? Ideologia? Competência?). A origem psicológica desse comportamento parece ser um efeito compensatório de uma neurose coletiva oriunda de um complexo de inferioridade. Pessoas que já viajaram talvez tenham percebido que tal prática é incomum no mundo civilizado.

Sociáveis? Observo que muitas pessoas almoçam sozinhas, raramente procuram outros para aquela troca de idéias desinteressada que parece ser uma das bases da civilização. O caráter desinteressado se reflete em não procurar auferir qualquer proveito, inclusive o inconfessável prazer no prejuízo de outrem, que é a base da fofoca maldosa.

Em resumo, o meu comentário sobre a ousada afirmação do colega é de que o Brasil tem longo caminho a percorrer para realizar essa premissa, da qual alguns se orgulham erroneamente ou antecipadamente.

Prof. Dr. Walter F. Wreszinski


Qualidade do ensino e as 6 horas

Em 2004, visando resolver diversos problemas da graduação no Instituto de Física, os estudantes do Instituto pediram, através da representação discente, que os docentes ministrassem o mínimo de seis horas semanais de aulas, previstas pela Portaria GR NΊ 3150, de 22 março de 1999. A Congregação ratificou esta regra da Universidade, junto com quatro dos seis departamentos. Entretanto, esta importante medida ainda não foi implementada e neste semestre temos, de maneira semelhante aos anteriores:

• Pelo menos 4 turmas com mais de 80 alunos;

• Duas destas, Física Matemática II e Mecânica I, com mais de 100 alunos;

• 4 pós-doutores ministrando aulas sem vínculo empregatício e sem remuneração;

• 38 pós-graduandos substituindo professores e assumindo turmas, sendo remunerados com bolsas;

• Com os afastamentos, não-docentes totalizam 24% dos responsáveis pela carga didática;

• Falta de reoferecimento de disciplinas obrigatórias;

• Falta de oferecimento de disciplinas optativas em certos blocos.

É obrigação da Instituição e da comunidade do Instituto defender a qualidade de ensino e sanar os problemas acima citados. Por isso, os estudantes apontam novamente para este problema.

É claro que existem outros pontos importantes a serem resolvidos, tais como a estrutura do curso, a didática em sala de aula, formas de avaliação;e que uma carga didática de 6 horas semanais não é suficiente para solucionar os problemas apresentados nos itens acima – são necessários mais professores. Porém, esta é uma medida simples, prevista pela Universidade e eficaz: o aumento de 5 (média atual) para 6 horas semanais seria equivalente a, no mínimo, 23 novos professores. Desta maneira, uma turma de 100 alunos poderia ser dividida em duas, por exemplo.

Dada a gravidade dos fatos apresentados e a importância do ensino, esperamos que o Instituto se mobilize para que as medidas necessárias sejam tomadas rapidamente.

CEFISMA - Representantes Discentes


DIRETORIA

O discurso de posse do Prof. Dr. Alejandro Szanto de Toledo está disponível na página do Instituto – www.if.usp.br/diretoria.shtml.


COLÓQUIO

"Procurando Materiais Superduros e encontrando Heterofulerenos"

Profa. Dra. Maria Cristina dos Santos

Departamento de Física dos Materiais e Mecânica - IFUSP

06 de abril, quinta-feira, Auditório Norte, às 16h

Materiais superduros são essenciais em diversas aplicações na indústria, por exemplo, o corte e o polimento de ferramentas de alta precisão e o recobrimento de peças (como discos rígidos de computadores) para proteção mecânica. O diamante é até hoje o material mais duro que se conhece, apesar dos esforços teóricos e experimentais desenvolvidos nos últimos anos na busca de substitutos à altura.

Diamante e grafite são formas alotrópicas do carbono. Grafite é um material quebradiço e usado como lubrificante. É curioso que dois materiais com propriedades físicas tão diferentes sejam feitos exclusivamente do mesmo elemento químico. Para desenhar um novo material com dureza equivalente ou até superior ao diamante é necessário compreender o que faz dele tão especial. No diamante, os átomos de carbono formam uma rede tridimensional de ligações covalentes, enquanto que na grafite os átomos formam ligações trigonais organizadas em planos. Esses planos se mantêm unidos através das muito mais fracas interações de Van der Waals. Portanto, parece ser crucial para um material superduro que a estrutura cristalina envolva uma rede tridimensional de ligações covalentes e curtas.

Seguindo esta receita, A. Liu e M. Cohen, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, sugeriram em 1989 um candidato a material superduro, de composição C3N4. Através de cálculos quânticos muito sofisticados eles demonstraram que esse material deveria ser ainda mais duro que o diamante. Muitos laboratórios em todo o mundo tentaram sintetizar C3N4, mas os nitretos de carbono obtidos em geral possuem concentração de nitrogênio muito inferior à proporção 3:4 prevista, e com estrutura semelhante à grafite. Em colaboração com o grupo experimental do Prof. Fernando Alvarez (IFGW, Unicamp), propusemos em 1998 a existência da molécula de composição C24N32. Essa molécula é um parente do famoso fulereno C60 e, como possui a mesma proporção 3:4 de C e N do sólido superduro hipotético, poderia servir de semente para sua produção. Neste Colóquio, vamos apresentar os resultados do esforço conjunto, teórico e experimental, para produzir o nitreto de carbono superduro. Vamos mostrar também como esse trabalho nos conduziu à síntese e identificação de heterofulerenos menores e nanotubos de nitreto de carbono. Algumas aplicações dessas nanoestruturas em eletrônica molecular serão comentadas.


CONVITE À FÍSICA 2006

Colóquios dedicados ao público geral, em especial aos alunos ingressantes da USP.

Organizados pelo Departamento de Física Matemática

"Cosmologia: Cem anos de descobertas e novos desafios para o século XXI"

Prof. Ioav Waga, Instituto de Física – UFRJ

05 de abril, quarta-feira, Auditório Abrahão de Moraes, às 18h

Home-page: http://fma.if.usp.br/convite

O século XX foi extremamente rico em descobertas, tanto na física, de uma forma geral, como na cosmologia. Foi nesse século que se descobriu a existência de galáxias e que elas constituem os tijolos das grandes estruturas no Universo. Também nesse século descobriu-se que o Universo está em expansão e essa grande descoberta é um dos temas dessa palestra. O ano de 1998 pode tornar-se um marco na história da cosmologia: a descoberta, naquele ano, de que o Universo está em expansão acelerada, é de importância comparável à descoberta, na década de 60, da existência de uma radiação cósmica de fundo. Certamente ela traz um impacto profundo na nossa compreensão do cosmos, abre novas perspectivas para a teoria de campos, para a física de partículas elementares e, como toda grande descoberta, lança novos desafios. O objetivo dessa palestra é contar um pouco da história da cosmologia nos últimos 100 anos, descrever de forma sucinta seus maiores avanços e apresentar as principais questões em aberto para este início de século.

Os Organizadores


TESES E DISSERTAÇÕES

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Jéferson de Oliveira
"Perturbação de spin zero no espaço-tempo de Kerr-Randall Sundrum"
Comissão Examinadora: Profs. Drs. Elcio Abdalla (orientador – IFUSP), Paulo Teotônio Sobrinho (IFUSP) e Frank Michael Forger (IME-USP).
03/04, segunda-feira, Sala 209, Ala 2 do Ed. Principal do IFUSP, às 14h

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Alan Bendasoli Pavan
"Análise de buracos negros esfericamente simétricos em modelos de mundo brana"
Comissão Examinadora: Profs. Drs. Elcio Abdalla (orientador – IFUSP), Luis Raul Weber Abramo (IFUSP) e George Emanuel Avraam Matsas (IFT/UNESP).
04/04, terça-feira, Sala 209, Ala 2 do Ed. Principal do IFUSP, às 10

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Ivan Yasuda
"Pseudo-tensor de momento e energia em teoria de perturbação de buracos negros"
Comissão Examinadora: Profs. Drs. Luis Raul Weber Abramo (orientador – IFUSP), Elcio Abdalla (IFUSP) e George Emanuel Avraam Matsas (IFT/UNESP).
04/04, terça-feira, Sala 209, Ala 2 do Ed. Principal do IFUSP, às 14h

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Bruno André Charneski
"Três diferentes abordagens não-comutativas aos modelos de Gross-Neveu e Sigma não-linear na expansão perturbativa 1/N"
Comissão Examinadora: Profs. Drs. Marcelo Otávio Caminha Gomes (orientador – IFUSP), Paulo Teotônio Sobrinho (IFUSP) e Bruto Max Pimentel Escobar (IFT/UNESP).
05/04, quarta-feira, Sala 209, Ala 2 do Ed. Principal do IFUSP, às 15h


ATIVIDADES DA SEMANA


3a. FEIRA, 04.04.2006

SEMINÁRIO DO GRUPO DE HÁDRONS E FÍSICA TEÓRICA (GRHAFITE)
"Atelier-labs: novos espaços curriculares na interseção entre pesquisa, ensino e extensão"
Prof. Dr. Etienne A. Delacroix, Universidad de la Republica - Uruguai
Ed. Principal – Ala 2, Sala 335, às 17h


4a. FEIRA, 05.04.2006.

CONVITE À FÍSICA 2006
"Cosmologia: Cem anos de descobertas e novos desafios para o século XXI".
Prof. Ioav Waga, Instituto de Física - UFRJ.
Auditório Abrahão de Moraes, às 18h.


5a. FEIRA, 06.04.2006.

COLÓQUIO
"Procurando Materiais Superduros e encontrando Heterofulerenos"
Profͺ. Drͺ. Maria Cristina dos Santos, Depto. de Física dos Materiais e Mecânica
Auditório Norte, às 16h


B I F U S P - Uma publicação semanal do Instituto de Física da USP
Editor: Prof. Dr. Antônio José Roque da Silva
Secretária: Lucimara Navarrete
Textos e informações assinados são de responsabilidade de seus autores
São divulgadas no BIFUSP as notícias encaminhadas até 4a feira, às 12h, impreterivelmente
Tel: 3091-6900 - Fax: 3091-6701 - e-mail: bifusp@if.usp.br - Home page: www.if.usp.br  

 
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